Jesus não aceita a violência
Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra – Ano C – 13º Domingo do Tempo Comum
– O primeiro é que segui-lo não tem a propriedade, nem irá fazer a mágica, de nos livrar dos perigos do mundo.
– O segundo sentido nos traz a dimensão da vida eterna. Para que ficar enterrando os mortos se o sentido final da vida não se coloca na sepultura, mas na ressurreição?
– O último ponto diz respeito aos adiamentos, a nunca colocar os meios efetivos para responder a Jesus. Deus está adiante, O Espírito se move, não é estático e nem fica preso ao passado.
Curioso repararmos também que se trata do chamamento de três pessoas sem nome. Ao convocar anônimos Lucas convida, a cada um, para uma reflexão concreta na vida. Não são nominados para que se possa colocar o próprio nome na situação mostrada.
Esses três convites tornam-se consequentemente os meus próprios chamados para o discipulado. E aqui vale nos perguntarmos como essas convocações repercutem em nós.O que aconteceu com esses três convidados? O Evangelho não nos conta, mas de uma coisa podemos ter certeza.
As palavras que Jesus lhes dirigiu transformaram suas vidas. A forma dessa mudança, para onde ela os levou e para que não sabemos. O fato é que se não o seguiram, permanecendo presos às suas correntes, não cumpriram a missão para a qual foram criados.
Contemplando este texto gosto de imaginar que eles responderam no seu estado de vida, como nós leigos, a este chamado do Senhor. E pensar assim me é consolador.
Jesus toma a firme decisão de subir para Jerusalém. Ele sabe que é lá que está o seu objetivo. Nós todos também, como discípulos missionários, somos convidados por aquele a quem seguimos a imitá-lo, subindo também para a nossa “Jerusalém” com todas as decorrências que esta subida pode ter. Onde está e qual é esta situação de Jerusalém na minha existência, caberá a cada um discernir, para poder se colocar no caminho.
Haverá gente que não quererá subir e, mais ainda, que não ajudará aos que se põem na escalada. Devemos respeitá-los nessa sua decisão, para não cairmos na tentação da resposta vingativa de Tiago e João, os “filhos do trovão”, a Jesus.
O cristianismo não prega a violência. Ela não resolve e Jesus ensina aqui aos seus amigos e a nós que precisamos evitá-la.Nesses tempos em que se exige mais justiça, e que haja mais cuidado e respeito para com o nosso país, refletir sobre este Evangelho pode nos ajudar a discernir os caminhos que devemos seguir, para trazer para mais perto de nós o Reino de Deus.
A violência utilizada por alguns, de ambas as partes, não é a melhor solução para os nossos problemas. A violência que nesse caso do Evangelho é explícita e muito contundente, como tem acontecido várias vezes de parte a parte nas manifestações em nossas praças e nas mídias sociais, pode se dar também de maneiras delicadas e sutis e não é porque se dão assim, que deixarão de ser agressivas.
Continuando a mirar o nosso país, podemos ver que a corrupção acontecida tantas vezes em ambientes sofisticados e recheadas de palavras bonitas, nos salões dos nossos governantes, demonstra esta triste realidade. Acaso ajamos no mundo com meios violentos, receberemos em troca mais violência ainda, como na história dos dois cachorrinhos de hoje.
Em Jesus é completada a revelação de Deus iniciada no Primeiro Testamento. Ao compararmos a reação de Elias, que quer usar o fogo como arma para destruir quem o rejeita, com a de Jesus que repele qualquer violência contra os samaritanos, que não os querem receber, temos um bom exemplo da revelação progressiva de Deus.
À violência, é o que veremos em Jesus, não se responde com mais violência, mas com o mandamento novo do amor.
O Pe. Antony de Mello nos conta a parábola da águia criada no galinheiro e que amarrada para não voar, termina por se acostumar à vida no chão. E no chão ela não é livre, não podendo cumprir o seu destino. A liberdade é viver no amor. Nós, que somos criados para o alto, tantas vezes nos vemos amarrados e presos à terra, em cercadinhos com as portas trancadas que não nos conduzirão a lugar algum.
Acomodar-se à prisão da rotina do menos, é o mais fácil e não gerará compromissos, mas criará uma vida mesquinha que não é aquela em plenitude para a qual estamos sendo criados.Investiguemos se não é por conta desse descompromisso que nos acomodamos ao que é pequeno e passageiro.
Escrevendo aos Gálatas na segunda leitura, São Paulo nos fala dessa criação para a liberdade. Ser livre é ser águia e sair voando bem alto como pede o destino de cada um de nós, filhos queridos de Deus. Ser livre é não deixar que aquilo que me amarra e prende ao chão impeça que eu suba, com Jesus, para a minha “Jerusalém”.
Pistas para reflexão durante a semana:
– Em algum desses chamados eu me identifico? Qual é a resposta de seguidor, de discípulo missionário, que dou a Jesus, quando Ele passa por mim?
– Dou-me conta de que segui-lo gera decisões e consequências concretas para a vida? Como se dá em mim a consideração da dimensão de eternidade da existência? Estou preso ao já acontecido, ou vejo que Deus está sempre me convidando para seguir adiante?
– Que resposta dou à minha existência. É de paz ou retribuo com violência?
Aqui é a Cristiane dias, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.