Jesus vai para o Pai e nos deixa a missão da construção do Reino.
Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra do Domingo da Ascensão do Senhor – Ano A
A solenidade de formatura daquela turma foi bem bonita e significativa. O Mestre no seu discurso final, dissera-lhes importantes palavras. Que agora não mais estariam debaixo da proteção da escola, mas que era preciso que fossem para o mundo. Afinal era para atuar nele que tinham sido preparados. Os formandos sentiam-se felizes e ao mesmo tempo preocupados. Alguns duvidavam da capacidade que tinham de ver a realidade e de agir. Outros estavam com medo e todos sentiam que tinham ainda muito a aprender. E foi aí que se deram conta de que, mesmo longe do ambiente protegido da escola, eles poderiam e deveriam permanecer unidos.
Este é o domingo da ascensão do Senhor. Na construção da cena quem sabe possamos criar a imagem de uma corte real. Algo que não diz muito da realidade por nós vivida. Trata-se da celebração daquele momento no qual o Cristo, ressuscitado, vai para a glória celeste assentando-se à direita do Pai, conforme proclamamos no Credo.
Trazendo a cena para uma realidade mais próxima de nós, podemos ver a celebração como o domingo da responsabilidade do cristão. É a maneira que os evangelistas têm, principalmente Lucas, para produzir um corte no tipo de presença de Jesus entre os seus amigos. Até a paixão e morte Ele vivia plenamente humano entre nós. Com a ressurreição assume totalmente a dimensão divina, passando a estar então entre nós através de outra forma de presença.
Acostumados que estavam com a aparência física do Senhor entre eles, com a ressurreição os discípulos tiveram que aprender a conviver com essa nova forma de presença de Jesus Cristo. O Ressuscitado vem-lhes de uma maneira diferente. É preciso agora que tenham maior atenção para poder reconhecê-lo. Por isto a observação do Evangelista de que “alguns duvidaram”?
Daí torna-se mais fácil compreender a primeira leitura tirada do início dos Atos dos Apóstolos. Nela Lucas nos conta que quando Jesus, na presença dos seus amigos, eleva-se para o céu, eles permanecem assustados olhando para o alto, como se esperassem já a sua volta. É aí que surgem os dois homens vestidos de branco para perguntar-lhes o que fazem a olhar para as nuvens.
O que os anjos na verdade querem alertar os apóstolos, é para o fato de que a presença de Jesus em nosso meio agora se dá de outro modo. E mais do que isto, que agora a missão de evangelizar é nossa. Ele está conosco, mas somos nós, a partir desse momento, os braços de Deus atuando no mundo.
Celebração da responsabilidade dos discípulos, porque a partir da ascensão precisamos nos assumir como adultos na fé. Agora a “bola” da construção do Reino de Deus está conosco. É preciso que trabalhemos com o maior esforço possível como se tudo só dependesse de nós. Mas tendo também uma fé muito grande, como se tudo dependesse unicamente do Senhor, que nessa outra forma de presença, se mantém conosco.
Antes de subir aos céus, Jesus Cristo, de uma maneira bem assertiva, nos envia concretamente para a missão. Somos nós que sairemos a fazer o que Ele, enquanto estava conosco, enquanto presença humana, realizava. Somos nós hoje os responsáveis pela missão, fazendo discípulos do Senhor em nome da Trindade.
Para refletir durante a semana:
– Fico olhando para o alto ou miro a realidade no mundo buscando o Senhor nela?
– Sinto-me responsável pela construção do Reino de Deus?
– Tenho clareza da minha missão na comunidade?
1ª Leitura – At 1,1-11
No meu primeiro livro, ó Teófilo, já tratei de tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo, até ao dia em que foi levado para o céu, depois de ter dado instruções pelo Espírito Santo, aos apóstolos que tinha escolhido. Foi a eles que Jesus se mostrou vivo depois da sua paixão, com numerosas provas. Durante quarenta dias, apareceu-lhes falando do Reino de Deus. Durante uma refeição, deu-lhes esta ordem: ‘Não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai, da qual vós me ouvistes falar: ‘João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias`.’ Então os que estavam reunidos perguntaram a Jesus: ‘Senhor, é agora que vais restaurar o Reino em Israel?’ Jesus respondeu: ‘Não vos cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou com a sua própria autoridade. Mas recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra.’ Depois de dizer isto, Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo. Os apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apareceram então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu.’
2ª Leitura – Ef 1,17-23
Irmãos: O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente. Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal.
Evangelho – Mt 28,16-20
Os onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-se e falou: ‘Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo’.
ernando Dias Cyrino
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