Madre Teresa, ícone do Bom Samaritano
“A canonização de Madre Teresa recorda as velhas e as novas pobrezas e é uma mensagem dirigida ao mundo atual”.
Assim o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, em uma entrevista concedida aos Jornal dos bispos italianos “Avvenire”, explicou o sentido do evento mais esperado deste Ano Santo da Misericórdia, desejando que o mundo possa encontrar na vida da “irmãzinha de Calcutá” “a razão para viver e esperar”.
“Ela nos ensina a superar a indiferença, como diz o Papa na Misericordiae Vultus, que humilha o cinismo. Abrir os olhos para ver o que acontece, abrir o coração e as mãos para dar respostas. Madre Teresa dizia que o maior mal do mundo é a indiferença em relação aos outros”.
“Eu diria – acrescentou o Secretário de Estado – que o significado deste importante acontecimento é justamente o de colocar no centro da vida de cada cristão e de seu testemunho a misericórdia, e fazê-lo não com discursos abstratos ou conceitos teóricos, mas com o exemplo concreto de uma mulher que viveu a misericórdia e a compaixão em cada momento de sua vida”.
“Foi dito – recorda Parolin – que Madre Teresa é o ícone do Bom Samaritano, este é um conceito muito importante, porque o seu serviço e o seu empenho nascem de seu amor a Jesus e da sua participação ao sofrimento de Cristo, que se perpetua no sofrimento de seus membros”.
O Cardeal convida a olhar para a experiência de Madre Teresa como a da “Boa Samaritana”, que se inclina para cada homem sofredor, para o leproso, o abandonado, o mais pobre dos pobres.
“Recordo sempre do chamado de Madre Teresa: viver a misericórdia em primeira pessoa e por primeiro, sem esperar que sejam os outros o fazerem e ela traduz isto na imagem da gota no oceano, uma coisa pequena, pobre, mas, uma gota que falta, torna o oceano mais pobre”, recordou o Secretário de Estado Vaticano, ao relacionar a caridade do “pequeno lápis de Deus” ao empenho direto e pessoal de cada cristão, porque a mensagem – indicou – é esta: “o Senhor nos deu um coração, usá-o para amar e usa as tuas mãos para servir os outros”.
A canonização, portanto, é uma mensagem dirigida ao mundo atual, porque se insere perfeitamente no âmbito do Ano Santo e se coloca dentro de uma “realidade problemática, como a do mundo de hoje”, e assim – concluiu o Cardeal – “torna-se um apelo à misericórdia neste mundo tão fragmentado. Um apelo para que o mundo reencontre razões para viver e esperar”.
“Diante de todas as situações de conflito e das tantas misérias e feridas das pessoas e dos pobres – observou – a Igreja mais uma vez adquire uma maior consciência sobre este ponto e propõe o remédio da misericórdia de maneira decidida, na esperança de que se possa abrir uma era da misericórdia, para uma nova época em que os homens – à nível social e político – possam usar este antídoto contra os tantos males do mundo de hoje”. (JE/Avvenire)
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Fonte: Rádio Vaticano