Maria a mulher plena que Deus assume totalmente

Publicado em 17/08/2014 | Categoria: Notícias |


liturgia

Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra Assunção de Nossa Senhora

 

Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”. Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos. Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. Lc. 1, 39-56


 

nossa senhora 1

                           Era uma vez um pai plenamente bom. Ele criara muitos filhos e os amava totalmente. Por ser todo bom o seu amor não possuía reservas. Era infinito, multiplicando-se em cada uma das suas criaturas. A resposta desse amor é que não era lá essas coisas. Seus filhos, afetados pelo dia a dia do mundo, estavam divididos. Não sabiam usar a liberdade, presente maior que ele lhes dava, sendo incapazes de responder ao amor na mesma dimensão em que eram amados. Um dia o pai se alegrou demais porque viu que uma das suas filhas era totalmente íntegra, nada do amor, nem um pedacinho dele, se perdia naquela menina. Assim ele pode fazer maravilhas nela. Ao final da sua vida, como tinha sido plena na humanidade, nada dela ficou na Terra. Ela foi levada, toda, inteirinha, para gozar da presença e bondade infinitas do pai em sua casa.

Somos seres em busca da integração original para a qual Deus nos cria. Caminhamos por estradas tortuosas, muitas vezes seguindo caminhos totalmente equivocados, na esperança de encontrarmos a realização plena da humanidade, que somos dotados e da qual costumamos nos afastar. Essa é a busca fundamental de todos nós: encontrarmos o verdadeiro sentido e a completude da vida.

Nessa procura básica muitos se perdem em sucedâneos incapazes de preencher o coração humano. Esses terminam por dividir-nos, desordenando-nos e gerando ilusão. Há os que pensam que será no poder que encontrarão a felicidade, outros que ela lhes será concedida pelo dinheiro, existem muitos que pensam ser o prazer, o consumismo, ou mesmo as drogas aquilo que lhes levará à integridade…

Tantos atalhos enganosos os quais, até nós que buscamos seguir o caminho de Jesus, acaso não nos coloquemos em estado de atenção, é possível que trilhemos.

Maria é para nós o exemplo da mulher integrada. Ser cheia de graça é também ser toda plena, incapaz de ceder aos apelos do mundo e se dividir no amor a Deus. A sua entrega, ao contrário da nossa, se dá sem nenhuma reserva. Maria tem um jeito de ser simples e humilde. Ela não se deixa afetar tornando-se deslumbrada ao sentir dentro de si o transbordamento do amor do Pai. Com seu jeito de mulher do povo ela se esvazia toda para que o Pai aja plenamente.

Como poderia uma mulher que foi sempre plena na vida aqui na terra, chegar à eternidade dividida? Seria isso um contra senso e a Trindade, na sua sabedoria, infinita observa isto e a leva toda para os céus. É assim que sinto o dogma que celebramos hoje: Maria é assunta aos céus porque não faria nenhum sentido que uma mulher que nunca se colocara dividida, fosse no coroamento final da sua vida partida. Permanecendo uma parte aqui na terra enquanto outra ia ao encontro definitivo com seu Pai.

A mãe de Jesus que sobe integralmente até Deus, é a mesma Maria que aos pés da cruz nos é dada como mãe. Temos já a mãe no céu e aí há um segundo sentido na sua assunção, que vale a pena meditarmos. A certeza maior que temos da nossa ressurreição está no fato de que aquele que seguimos ressuscitou. Mas não estaria também na assunção de Nossa Senhora uma segunda maneira de Deus nos mostrar a realidade já da nossa ressurreição?

A morte, pela ressurreição de Jesus, está totalmente vencida, conforme nos lembra São Paulo na segunda leitura de hoje. Maria, na sua assunção, vem confirmar uma segunda vez esta realidade. Por isto o papa Pio XII, em 1950, proclamou o dogma afirmando que ela foi levada plenamente aos céus.

Não é raro observar por aí exemplos de devoção mariana que não são compatíveis com o que ela canta na sua visita a Isabel. É preciso ajudar essas pessoas a amadurecerem o seu amor por Maria. Também as roupas com que a vemos geralmente vestida, que não se coadunam com as vestes normais de uma mulher simples da Palestina, não nos ajudam a contemplar a verdadeira Maria.

Ela é a grávida forte que, ainda não sendo casada, corre para a região montanhosa para estar três meses com a sua prima em dificuldades, Isabel. Maria, a mulher em dificuldade que sai ao encontro daquela outra. que está ainda mais precisada, é a mulher que nos leva para Jesus.

 


Pistas para reflexão durante a semana:


– Tenho crescido na minha humanidade? Sou hoje um ser mais integrado?

– Sinto Maria como a mãe que me leva até Jesus?

– Minha devoção mariana cresceu, ou é semelhante àquela que tinha quando criança?

 

1ª Leitura – Ap 11, 19a; 12, 13-6a. 10ab

2ª Leitura – 1Cor 15, 20-27a

Evangelho – Lc. 1, 39-56


 

Fernando Cyrino

www.fernandocyrino.com



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