Preparando os caminhos do Senhor…

Publicado em 09/12/2012 | Categoria: Mesa da Palavra Notícias |


 

Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra

2º Domingo do Advento – Ano C – 09-12-2012

No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilena,sob o pontificado de Anás e Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto. Começou a percorrer toda a região do Jordão, pregando um batismo de penitência para remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas.Toda a ravina será preenchida,todo o monte e colina serão abatidos; os caminhos tortuosos ficarão direitos e os escabrosos tornar-se-ão planos. E toda a criatura verá a salvação de Deus.’ Lc. 3, 1-6

Preparando os caminhos do Senhor…

As crianças não entendiam o que acontecia. A casa se tornara imenso alvoroço. Era pintada, a lavagem e a arrumação não deixavam passar nenhum detalhe. Os móveis lustrados, espelhos e vidros já estavam que era um brilho só. O caminho da rua até a varanda lavado e enfeitado com vasos de flores nas laterais. Jardins ainda mais bonitos. Toda gente atenta aos detalhes para tornar mais belo o que já parecia bonito. Notando aquela perplexidade, a avó lhes explicou tratar-se da preparação da casa para a chegada de um alguém muito importante. O novo bispo estava vindo cumprir a primeira visita pastoral e se hospedaria com eles.

O Natal está no ar. Rápida passeada irá mostrar o cuidado de todos com a preparação para a festa. Muitas luzes, guirlandas, pinheiros, papais Noel e variadíssimos tipos de enfeites compõem o ambiente da cidade. Observam-se aqui e acolá as casas sendo arranjadas para a “chegada do Natal”.

É bem provável que aí já sejam encontrados possíveis equívocos nessa etapa de preparação. Ela dá a impressão de se tratar, muito mais, de preocupação com aspectos externos da chegada do que internos. Preparar o ambiente sem dúvidas que é bom e até mesmo necessário. Só que é bem pouco e insuficiente.

Mais que o apuro do exterior, a visita que chega (e Ele vem para ficar) está a nos exigir bem mais a atenção e o cuidado com as coisas internas. Mais que aparelhar a casa, sua fachada, a árvore de Natal e o presépio, é preciso preparar os corações.

Ao nos apresentar João Batista, a Liturgia deste segundo domingo do Advento quer nos fazer atentos a esta realidade. Lucas irá, antes de qualquer coisa, contextualizar a chegada daquele que vem preparar os caminhos do Senhor. João não é fruto de qualquer acaso. Muito menos algum meteorito que se soltou do espaço e caiu sobre a Terra.

Ele faz parte concreta da história do povo da Bíblia. Pertence a uma gente que vivia a espera do Messias e que era chefiado por líderes autocráticos. Poderosos que terminavam por servir a outro povo mais forte que a dominava, o romano.

João vem, como último profeta da realidade antiga, o Primeiro Testamento. Ele atua como se fora uma ponte pela qual irá passar Jesus. Só que ela não a ultrapassa. Sua pregação carrega ainda a rudeza de um Deus muito mais pronto a punir e a cortar fora, do que aquele que o Messias, em seguida, irá apresentar. Um Pai muito mais pronto a amar, ser misericordioso e acolher, do que punir e deixar de fora os filhos.

O Batista chega fazendo o convite para que endireitemos as estradas pelas quais passará o Senhor. Este Segundo Domingo do Advento quer nos lembrar desse cuidado. Não por acaso os primeiros cristãos se nomeavam como a gente do caminho. Seguir Jesus é se fazer peregrino.

Andarilho que, mais do que seguir por estradas prontas caminhará, em vários momentos da existência, sem que haja alguma trilha a ser percorrida. Exatamente como ocorreu com Pedro. Chamado a dar passadas na direção do seu Mestre, não vislumbrava à frente nenhum caminho. Ao contrário, adiante só havia água.

Mesmo com medo ele segue impelido pela fé e o olhar daquele que o convoca. Ao baixar os olhos e duvidar começa a afundar. A crise sempre a espreita (e que pode chegar trazida pela doença, a perda do emprego, a falta ou partida do amor…) traz junto a experiência de se ver sem estrada à frente.

Ao viver a grande dificuldade se estará numa situação bem semelhante a que foi vivida pelo discípulo Pedro. Mesmo se sendo chamado a ir adiante só se é capaz de perceber trevas, matagal, águas e despenhadeiros. Dado o primeiro passo pode-se ver que Ele segue junto. O Senhor nunca nos abandona. Ele é, sempre, totalmente fiel.

 

Pistas para reflexão durante a semana:

– Como segue a minha preparação interior para a chegada do Menino?

– Tenho aplainado suas estradas para que venha até mim, aos meus e a todos (principalmente os mais pobres)? Quais são minhas estradas a serem preparadas?

– Caminho em direção a Ele mesmo quando é impossível perceber a estrada?

Fernando Cyrino

www.fernandocyrino.com



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