Não temais! O nosso Pai dá-nos Jesus para nos guiar no caminho para a terra prometida – o Papa Francisco na Missa da Noite de Natal
Este é o primeiro Natal do Papa Francisco. Numa Basílica de S. Pedro repleta de fieis o Santo Padre presidiu à Missa da Noite de Natal. Muitos milhares de pessoas tiveram que ficar na Praça de S.Pedro onde puderam seguir a Eucaristia através dos ecrâns gigantes, tendo sido distribuída, também ali na praça a sagrada comunhão. Todos os sacerdotes, bispos e cardeais foram convidados a concelebrar com o Papa Francisco. Assim, toda esta multidão que se abeirou de S. Pedro na noite de Natal parecia procurar a Luz do Deus Menino e, tal como os pastores, também o queriam adorar, antecipando assim as primeiras palavras do Papa na sua homilia retirada da profecia de Isaías:
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”(Is 9, 1).
“Esta profecia de Isaías não cessa de nos comover, especialmente quando a ouvimos na liturgia da Noite de Natal. E não se trata apenas dum facto emotivo, sentimental; comove-nos, porque exprime a realidade profunda daquilo que somos: somos povo em caminho, e ao nosso redor – mas também dentro de nós – há trevas e luz. E nesta noite, enquanto o espírito das trevas envolve o mundo, renova-se o acontecimento que sempre nos maravilha e surpreende: o povo em caminho vê uma grande luz. Uma luz que nos faz reflectir sobre este mistério: o mistério do caminhar e do ver. “
Caminhar – continuou o Santo Padre – este verbo faz-nos pensar no curso da história, naquele longo caminho que é a história da salvação, com início em Abraão, nosso pai na fé, que um dia o Senhor chamou convidando-o a partir, a sair do seu país para a terra que Ele lhe havia de indicar. Desde então – prosseguiu o Papa Francisco – a nossa identidade de crentes é a de pessoas peregrinas para a terra prometida mas com uma história em que se alternam momentos de luz e de escuridão, fidelidade e infidelidade, obediência e rebelião; momentos de povo peregrino e de povo errante:
“E, na nossa historia pessoal, também se alternam momentos luminosos e escuros, luzes e sombras. Se amamos a Deus e aos irmãos, andamos na luz; mas, se o nosso coração se fecha, se prevalece em nós o orgulho, a mentira, a busca do próprio interesse, então calam as trevas dentro de nós e ao nosso redor. ‘Aquele que tem ódio ao seu irmão – escreve o apóstolo João – está nas trevas e nas trevas caminha, sem saber para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos”
Na noite de Natal manifesta-se a graça de Deus no mundo. E esta graça é Jesus, nascido da Virgem Maria, verdadeiro homem e verdadeiro Deus – afirmou o Santo Padre. Jesus entrou na nossa história, partilhou o nosso caminho:
“Veio para nos libertar das trevas e nos dar a luz. N’Ele manifestou-se a graça, a misericórdia, a ternura do Pai: Jesus é o Amor feito carne. Não se trata apenas dum mestre de sabedoria, nem dum ideal para o qual tendemos e do qual sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história que pôs a sua tenda no meio de nós.”
A graça de Deus manifestou-se em Jesus nascido no local mais simples e humilde que podemos imaginar e tendo como primeiros adoradores os últimos da sociedade:
“Os pastores foram os primeiros a ver esta «tenda», a receber o anúncio do nascimento de Jesus. Foram os primeiros, porque estavam entre os últimos, os marginalizados. E foram os primeiros porque velavam durante a noite, guardando o seu rebanho. Com eles, detemo-nos diante do Menino, detemo-nos em silêncio. Com eles, agradecemos ao Pai do Céu por nos ter dado Jesus e, com eles, deixamos subir do fundo do coração o nosso louvor pela sua fidelidade: Nós Vos bendizemos, Senhor Deus Altíssimo, que Vos humilhastes por nós. Sois imenso, e fizestes-Vos pequenino; sois rico, e fizestes-Vos pobre; sois omnipotente, e fizestes-Vos frágil.”
Esta é uma noite de alegria e de amor – concluiu o Papa Francisco na sua homilia declarando que não devemos temer porque Jesus é o nosso guia no caminho para a terra prometida:
“Nesta Noite, partilhamos a alegria do Evangelho: Deus ama-nos; e ama-nos tanto que nos deu o seu Filho como nosso irmão, como luz nas nossas trevas. O Senhor repete-nos: «Não temais» (Lc 2, 10). E vo-lo repito também eu: Não temais! O nosso Pai é paciente, ama-nos, dá-nos Jesus para nos guiar no caminho para a terra prometida. Ele é a luz que ilumina as trevas. Ele é a nossa paz. Amen.” (RS)
Fonte: Rádio Vaticano