O exercício da liberdade nos levará ao seguimento do Senhor
Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra
Ano C XXIII Domingo do Tempo Comum
É dessa ânsia de juntar pessoas e coisas, numa falsa busca de segurança e felicidade que o Evangelho de hoje também quer nos falar. Não que devamos amar menos ou não cuidar dos entes queridos. Esta seria uma interpretação fundamentalista das palavras de Jesus.
Não se trata disto, mas sim do fato de não ser saudável que, sendo já adultos, vivamos com a mesma dependência que tínhamos dos pais, irmãos e amigos, dos tempos de criança. O alerta de Jesus é para que não sejamos imaturos. Para que deixemos o comportamento infantil, eis que agora somos homens e mulheres adultos. Responsáveis pela vida que nos é dada.
Nem se trata também de não termos o que é necessário para o sustento com dignidade. A atenção que precisamos tomar é com a forma como os bens são por nós utilizados. Eles estão conosco para nos servir e não para que sejamos servidos por eles, como acontecia no caso do imaturo homem da historinha.
Presos a tanta coisa, a tantos bens e pessoas, não estaremos abertos à vida, ou seja, à cruz que cada um carrega com todas as suas maravilhas e dificuldades. A cruz daquele que vive para acumular bens e se manter infantilmente preso às pessoas, é enorme e nenhum ser humano será capaz de transportá-la. E não dá para seguir Jesus sem carregar, junto conosco, a vida. Sem ela é impossível nos pormos a caminho. E sem estar na “estrada de Jerusalém”, como seguiremos Jesus?
O convite do Evangelho é para que não ajamos por impulso, iniciando a construção sem planejamento. Sairmos para recolher coisas, sem antes termos discernido se aquilo nos convém e nos trará o bem. Jesus nos estimula a termos uma convivência de maior liberdade com as pessoas e as coisas.
Somos todos filhos do mesmo Pai. Ninguém pode se arvorar em se considerar proprietário de ninguém. As coisas criadas também não são minhas. Elas estão à minha disposição, tanto quanto venham me ajudar a crescer como ser humano.
Podemos entender também mais este sentido dentro da segunda leitura. Ao escrever para Filêmon, Paulo pede a liberdade de Onésimo, escravo do destinatário e que estava na prisão com o apóstolo. Todos somos criados para a liberdade do Amor.
Ao considerarmos, tácita ou explicitamente, sermos “donos” do outro significará que não entramos ainda na dimensão do Amor da Trindade que nos é apresentado por Jesus como caminho para a Vida Plena. Estamos presos ao ter e não ao ser que nos levará um dia à liberdade, ao transcender na vida plena no Senhor.
Para reflexão nesta semana:
– A quantas anda a relação que tenho com as “coisas”?
– Até que ponto respeito a liberdade dos que vivem à minha volta?
– Como vivo o seguimento de Jesus levando comigo a cruz da vida que me é dada?