O Messias é fiel até o fim.

Publicado em 12/04/2014 | Categoria: Notícias |


ramos 

Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra para o domingo de Ramos e da Paixão – Ano A

 

Num povoado perto de Jerusalém vivia, dentre muitas outras, uma jumentinha muito cuidadosa com seu filhote. Certa manhã dois homens, que ela não conhecia, levaram-na, sem ao menos dizer para aonde. O filho nem precisou ser puxado. Foi a mãe sair e ele seguia atrás todo animado. O destino era a entrada de Jerusalém. Chegando lá algo ainda mais estranho aconteceu. Forraram-na com panos bonitos e um homem a montou. Ela ficou alegre porque sempre carregava coisas e o que lhe dava um prazer danado era levar gente. Nem um passo dera e já tinha reparado que transportava alguém muito diferente. Um ser tão especial que nem lhe pesava nada, como seria normal. Ela seguia feliz e o povo em volta cantava e dançava balançando ramos. Festeira que era, de vez em quando, zurrava demonstrando sua felicidade. Ao final daquela parada o homem desceu e ela, tão descansada quanto naquele momento que saíra de casa, retornou ao seu cantinho e ao cuidado do filhotinho. A semana foi passando e na sexta-feira, ao cair da tarde, vieram pedir ao seu dono que a emprestasse. E lá foi nossa burrinha novamente para Jerusalém. O trajeto agora era diferente e subiram um morro. Lá no alto algumas mulheres e um homem cuidavam de um morto. Cuidadosamente, depois de forrado o seu dorso, o colocaram sobre ela. Foi então que notou, porque não sentia nenhum peso, que carregava aquele mesmo homem muito especial que no domingo levara pelas ruas. Nossa jumentinha agora caminhava com a cabeça bem baixa e pela poeira do caminho iam ficando as marcas das suas lágrimas.

Chegamos à semana da paixão e morte do Senhor. A liturgia desse domingo apresenta-nos, como que num painel, as duas faces do que viveremos nesses dias. Começamos celebrando a alegria. Na procissão de ramos entramos com Jesus em Jerusalém cantando e bailando com os nossos ramos para demonstrar a nossa alegria pela chegada do Messias, o nosso Salvador. Mas esse tempo passa rápido. Logo em seguida o profeta Isaias nos apresentará através do cântico do servo sofredor o que espera Jesus nas próximas horas e dias.

Na segunda leitura, Paulo vem cantar no primeiro e lindo hino cristológico, o esvaziamento de Jesus que abandona a sua condição divina e se faz um de nós, humilhando-se e obedecendo até a morte. E Paulo frisa aqui que não é qualquer morte, mas aquela mais degradante e vil que podia acontecer naqueles tempos. A morte no madeiro da cruz.

O outro Evangelho desse domingo é o relato da paixão e morte de Jesus. Nesse ano tirado do Evangelho de Mateus. A paixão de Jesus, mais do que anunciada pede-nos para ser rezada. A liturgia nos chama para entrarmos na cena. Colocarmo-nos naquele dia especifico em Jerusalém e, ao contrário dos discípulos que se dispersaram, permanecer com Ele até o fim. Nessa contemplação estejamos atentos aos sentidos para que possamos sentir mais profundamente o caminho do calvário.

No primeiro Evangelho desse domingo gostaria de refletir com vocês alguns pontos. O primeiro dele diz respeito ao envio de dois discípulos para buscar a sua montaria. Jesus diz como deverão proceder para encontrar a jumenta e seu filhote e as palavras que falarão caso sejam questionados sobre o que fazem: “O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá”.

Como seus discípulos precisamos ser como esses jumentos que são levados pela mão sem nem saberem quem irão carregar e por que deverão fazer isto. Costumamos colocar muitos si, talvez e porém quando Jesus nos pede algo. Mesmo sabendo que seremos “devolvidos” à nossa vida do dia a dia, é comum que ofereçamos resistência. Principalmente se o chamado é para algo que nos tira da habitual zona de conforto. Nossas seguranças de fazer só aquilo que dominamos, de lidar só com quem mais gostamos e de caminhar apenas com os que nos são mais agradáveis.

Jesus é Senhor e é como Rei que entra na cidade. O povo grita, vibra, canta e balança seus ramos. Quem visse a cena nunca quepoderia imaginar que pouco tempo depois aquela gente mesma estaria pedindo aos gritos para que fosse crucificado. Não nos achemos tão diferentes daqueles que acolheram Jesus com festa. Também temos em nós a experiência dessas duas realidades antagônicas. Numa hora acolhemos com solenidade e intimidade nosso Senhor no coração e pouco tempo depois poderemos o estar negando através do nosso egoísmo, preguiça, raiva, inveja, avareza, orgulho, gula, luxúria , medo e tantas outras formas de pecado.

“Quem é este homem?” É o que perguntam os habitantes de Jerusalém e “as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus de Nazaré da Galiléia”. Os moradores das nossas cidades também estão nos questionando: “Quem é este homem?”. O que temos respondido a eles? Essa nossa resposta não pode ser automática nem de multidão que pode estar somente repetindo palavras de ordem. Ela precisa vir do mais fundo do nosso coração.

 

Para refletir durante a semana:

 

– Quando Jesus precisa de mim estou disponível?

– Como acolho Jesus na minha “cidade”? Apenas com ramos e hosanas? Ou com a vida toda?

– Quem é “este homem” para mim?

 

1ª Leitura – Is 50,4-7

O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.

 

2ª Leitura – Fl 2,6-11

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda lingua proclame: Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai.

 

 

Evangelho – Procissão de ramos – Mt 21,1-11

Naquele tempo: Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: ‘Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém vos disser alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá’.’ Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: ‘Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta.’ Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. As multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: ‘Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!’ Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: ‘Quem é este homem?’ E as multidões respondiam: ‘Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.’

 

Evangelho – Mt 26,14-27,66 Relato da Paixão

Naquele tempo: Um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: ‘O que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa? No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: ‘Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?’ Jesus respondeu: ‘Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’.’ Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. Um de vós vai me trair. Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse: ‘Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair.’ Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: ‘Senhor, será que sou eu?’ Jesus respondeu: ‘Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!’ Então Judas, o traidor, perguntou: ‘Mestre, serei eu?’ Jesus lhe respondeu: ‘Tu o dizes.’ Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos, e disse: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo.’ Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lhes, dizendo: ‘Bebei dele todos. Pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados. Eu vos digo: de hoje em diante não beberei deste fruto da videira, até ao dia em que, convosco, beberei o vinho novo no Reino do meu Pai.’ Depois de terem cantado salmos, foram para o monte das Oliveiras. Então Jesus disse aos discípulos: ‘Esta noite, vós ficareis decepcionados por minha causa. Pois assim diz a Escritura: ‘Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão.’ Mas, depois de ressuscitar, eu irei à vossa frente para a Galiléia.’ Disse Pedro a Jesus: ‘Ainda que todos fiquem decepcionados por tua causa, eu jamais ficarei.’

Jesus lhe declarou: ‘Em verdade eu te digo, que, esta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.’ Pedro respondeu: ‘Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim não te negarei.’ E todos os discípulos disseram a mesma coisa. Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse: ‘Sentai-vos aqui, enquanto eu vou até ali para rezar!’ Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado. Então Jesus lhes disse: ‘Minha alma está triste até á morte. Ficai aqui e vigiai comigo!’ Jesus foi um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto por terra e rezou: ‘Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, mas sim como tu queres.’ Voltando para junto dos discípulos, Jesus encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: ‘Vós não fostes capazes de fazer uma hora de vigília comigo? Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.’ Jesus se afastou pela segunda vez e rezou: ‘Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!’ Ele voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono. Deixando-os, Jesus afastou-se e rezou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então voltou para junto dos discípulos e disse: ‘Agora podeis dormir e descansar. Eis que chegou a hora e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Aquele que me vai trair, já está chegando.’ Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de espadas e paus. Vinham a mandado dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo. O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: ‘Jesus é aquele que eu beijar; prendei-o!’ Judas, logo se aproximou de Jesus, dizendo: ‘Salve, Mestre!’ E beijou-o. Jesus lhe disse: ‘Amigo, a que vieste?’ Então os outros avançaram lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam. Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a espada, e feriu o servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus, porém, lhe disse: ‘Guarda a espada na bainha! pois todos os que usam a espada pela espada morrerão. Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai e ele me mandaria logo mais de doze legiões de anjos? Então, como se cumpririam as Escrituras, que dizem que isso deve acontecer? E, naquela hora, Jesus disse à multidão: ‘Vós viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo, eu me sentava para ensinar, e vós não me prendestes.’ Porém, tudo isto aconteceu para se cumprir o que os profetas escreveram. Então todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram. Aqueles que prenderam Jesus levaram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás, onde estavam reunidos os mestres da Lei e os anciãos. Pedro seguiu Jesus de longe até o pátio interno da casa do Sumo Sacerdote. Entrou e sentou-se com os guardas para ver como terminaria tudo aquilo. Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte. E nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, vieram duas testemunhas, que afirmaram: ‘Este homem declarou: ‘posso destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em três dias’.’ Então o Sumo Sacerdote levantou-se e perguntou a Jesus: ‘Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?’ Jesus, porém, continuava calado. E o Sumo Sacerdote lhe disse: ‘Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Messias, o Filho de Deus.’ Jesus respondeu: ‘Tu o dizes. Além disso, eu vos digo que de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu.’ Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: ‘Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Pois agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia. Que vos parece?’ Responderam: ‘É réu de morte!’ Então cuspiram no rosto de Jesus e o esbofetearam. Outros lhe deram bordoadas, dizendo: ‘Faze-nos uma profecia, Cristo, quem foi que te bateu?’ Pedro estava sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele e disse: ‘Tu também estavas com Jesus, o Galileu!’ Mas ele negou diante de todos: ‘Não sei o que tu estás dizendo’. E saiu para a entrada do pátio. Então uma outra criada viu Pedro e disse aos que estavam ali: ‘Este também estava com Jesus, o Nazareno.’ Pedro negou outra vez, jurando: ‘Nem conheço esse homem!’ Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-se de Pedro e disseram: ‘É claro que tu também és um deles, pois o teu modo de falar te denuncia.’ Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo que não conhecia esse homem!’ E nesse instante o galo cantou. Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: ‘Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.’ E saindo dali, chorou amargamente. De manhã cedo, todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para condená-lo à morte. Eles o amarraram, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador. Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: ‘Pequei, entregando à morte um homem inocente.’ Eles responderam: ‘O que temos nós com isso? O problema é teu.’ Judas jogou as moedas no santuário, saiu e foi se enforcar. Recolhendo as moedas, os sumos sacerdotes disseram: ‘É contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço de sangue.’ Então discutiram em conselho e compraram com elas o Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que aquele campo até hoje é chamado de ‘Campo de Sangue’. Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: ‘Eles pegaram as trinta moedas de prata – preço do Precioso, preço com que os filhos de Israel o avaliaram – e as deram em troca do Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou!’ Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: ‘Tu és o rei dos judeus?’ Jesus declarou: ‘É como dizes’, e nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos.Então Pilatos perguntou: ‘Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?’ Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. Então Pilatos perguntou à multidão reunida: ‘Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus, a quem chamam de Cristo?’ Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: ‘Não te envolvas com esse justo! porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele.’ Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a perguntar: ‘Qual dos dois quereis que eu solte?’ Eles gritaram: ‘Barrabás.’ Pilatos perguntou: ‘Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?’Todos gritaram: ‘Seja crucificado!’ Pilatos falou: ‘Mas, que mal ele fez?’ Eles, porém, gritaram com mais força: ‘Seja crucificado!’ Pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse: ‘Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso!’ O povo todo respondeu: ‘Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos’. Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser crucificado. Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa em volta dele. Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho; depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram, dizendo:’Salve, rei dos judeus!’ Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram para crucificar. Quando saíam, encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer ‘lugar da caveira’. Ali deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. Depois de o crucificarem,fizeram um sorteio, repartindo entre si as suas vestes. E ficaram ali sentados, montando guarda. Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: ‘Este é Jesus, o Rei dos Judeus.’ Com ele também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus. As pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: ‘Tu que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!’ Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres da Lei e os anciãos, também zombaram de Jesus: ‘A outros salvou… a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel… Desça agora da cruz! e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus.’ Do mesmo modo, também os dois ladrões que foram crucificados com Jesus, o insultavam. Desde o meio-dia até às três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a terra. Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito: ‘Eli, Eli, lamá sabactâni?’, que quer dizer: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram: ‘Ele está chamando Elias!’ E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. Outros, porém, disseram: ‘Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!’ Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito. E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muito corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas. O oficial e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: ‘Ele era mesmo Filho de Deus!’ Grande número de mulheres estava ali, olhando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo, e o colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, diante do sepulcro. No dia seguinte, como era o dia depois da preparação para o sábado, os sumos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos, e disseram: ‘Senhor, nós nos lembramos de que quando este impostor ainda estava vivo, disse: ‘Depois de três dias eu ressuscitarei!’

Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro dia, para não acontecer que os discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo: ‘Ele ressuscitou dos mortos!’ pois essa última impostura seria pior do que a primeira.’ Pilatos respondeu: ‘Tendes uma guarda. Ide e guardai o sepulcro como melhor vos parecer.’ Então eles foram reforçar a segurança do sepulcro: lacraram a pedra e montaram guarda.

 

Fernando Dias Cyrino 

www.fernandocyrino.com



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