O profeta não é acolhido em sua terra
Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra
14º Domingo do Tempo Comum – Ano B
O que, ou quem, vinha de Jerusalém, Roma ou de Atenas era mais elegante e considerado. Nada muito diferente de hoje quando se costuma valorizar muito mais, por exemplo, a moda e os comportamentos irradiados desde Paris, Nova York e Rio.
Nazaré era povoado que não possuía nenhuma importância. A terra na qual viveu o nosso Salvador nem é citada no Primeiro Testamento da Bíblia. Simples lugarejo considerado como lugar de passagem para cidades mais importantes. Local onde nem valeria a pena uma parada. Era como se nem merecesse constar dos mapas de então.
Ao verem então voltar à sua terra, tão desconsiderada, aquele homem que conheceram e com quem conviveram desde criança, descreem dele, numa clara demonstração também de baixa autoestima. Não, este nós conhecemos e sabemos quem ele é. É como se dissessem: “não esperem muito da gente. Somos medíocres, afinal somos de Nazaré…”
Mas aquele não era só lugar de gente assim. Naquele povoado sem atrativos viveu sua vida simples e oculta o nosso Salvador. Como deve ter sido grande a decepção de Jesus com o seu povo. Com certeza que doía bastante nele a descrença da sua gente de Nazaré. Jesus sofreu na pele o ditado popular tão conhecido de que “santo de casa não faz milagre”.
É muito complicado ser profeta entre os seus. A vida em comum, as dificuldades e os defeitos compartilhados e conhecidos, fazem com que não se aceite o conhecido como mestre, ou líder. Por isto Jesus irá dizer que não é fácil profetizar em sua própria terra.
Nazaré não aceita que Jesus tenha crescido. Os nazarenos queriam-no tal qual havia partido dali um dia. Mas é bem significativo que Ele volte. No seu retorno há um recado para que não desistamos, mesmo não sendo aceitos, de continuar pregando o Reino entre os mais próximos.
Mas não é só Nazaré que descrê de Jesus. O que viveu em sua terra nada mais foi do que um anúncio daquilo que, algum tempo depois, iria ocorrer no centro do mundo judaico. Em Jerusalém a realidade se fará muito pior. Não será somente a simples descrença que causará dor em nosso Senhor, mas a violência absurda e gratuita da cruz no Calvário que consumará tudo.
Acaso Jesus viesse hoje à nossa cidade – seja ela das mais consideradas, ou alguma dessas mais simples e pouco conhecidas – como iria ser acolhido? Nossa gente teria os ouvidos, braços e corações abertos para recebê-lo? Ou desconfiaríamos daquele homem que vem falar de coisas tão conflitantes em relação ao que se vive modernamente? No meio de nós aconteceriam milagres?
É interessante essa questão dos milagres no Evangelho desse Domingo. Pré-requisito para que aconteçam é crer neles. O povo não acreditou em Jesus e por isto, não pôde observar os prodígios que Ele realizava. Milagre só acontece com quem crê. Para quem não tem fé o maior prodígio terá sempre uma explicação.
Mantenhamos os olhares bem abertos e atentos para perceber e aceitar os profetas que o Senhor continua enviando ao mundo. Pode bem ser que haja alguns desses homens e mulheres de Deus bem próximos de nós. Mais ainda, é capaz de que necessitem do apoio de quem os reconheça nessa sua tão árdua missão.
Pistas para reflexão durante a semana:
– Há em mim ainda preconceitos dos quais preciso me libertar?
– Reconheço profetas entre a minha gente?
– O Senhor tem feito milagres na minha vida?