O Reino é o tesouro absoluto. Ao encontrá-lo tudo em volta se torna relativo.

Publicado em 26/07/2014 | Categoria: Notícias |


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Liturgia da Missa

Reflexões para a Mesa da Palavra do 17º Domingo do Tempo Comum – Ano A


Um jovem vivia envolto em meio às dúvidas a respeito do caminho que deveria seguir na vida. Dentre várias opções não conseguia escolher aquilo que seria o melhor para ele. Todas lhe davam a impressão de que trariam a realização e a felicidade. Por fora eram muito bonitas e agradáveis, mas quando as experimentava notava que internamente eram ocas e não lhe traziam aquilo que tanto buscava. Um dia alguém lhe contou sobre alguém muito especial. Pouco a pouco, ele foi se aproximando de Jesus. Sentia nascer no coração uma grande alegria. Descobriu então que nele residia o verdadeiro sentido da vida. Havia encontrado um imenso tesouro e tudo o mais à sua volta tinha se tornado, de repente, relativo.

É assim a experiência de Deus na vida humana. Ao encontrá-lo verdadeiramente a pessoa sente ter enfim chegado ao seu centro gravitacional, passando a girar em torno dele. A experiência que se vive com a Trindade é a do encontro com o absoluto. Tudo o mais que antes até poderia estar tomando o lugar principal na vida, passará a ser visto de nova maneira, sendo relativizado, ou seja, posto em relação ao tesouro que se encontrou.

Deus quando vem não se contenta com lugares secundários no coração humano. Ele chega e assume o espaço principal através do qual todos os demais passam a ser vividos. Torna-se o princípio, que não se conhecia e o fundamento que não se sabia, alicerçando a partir daí a vida.

Esse é o sentido das parábolas que Jesus conta sobre o Reino e que, relatadas por Mateus, vamos contemplando nesses domingos. A singeleza com a qual Ele nos apresenta o Reino é muito sugestiva e pode ser fator de bastante reflexão. O Reino não se faz distante e muito menos inalcançável. Ele já está presente nas realidades simples da vida. Por se ficar na expectativa de grandes momentos e vivências emocionadas para se sentir a presença do Reino, é possível que se esteja perdendo belas experiências dele na simplicidade da vida diária na família, profissão, comunidade e relações com as pessoas.

O Reino se faz de coisas novas que não serão bem percebidas do lado de fora. Elas precisarão ser assumidas para que se entre em sua dimensão interior. Ao mesmo tempo, ele é também composto de coisas já bem conhecidas exigindo ser re-significadas, para ganhar novos sentidos e valor. O Reino leva a critérios que não são necessariamente aqueles difundidos no mundo.

Viver o Reino, mais do que ser bom é fazer o bem, ou seja, amar. O egoísta é incapaz de fazer o bem, porque persiste no engano de que deve viver para o próprio bem e não o bem maior, que está nos outros e portanto vai muito além dele. Esses, os incapazes de amar, são aqueles que se sentirão separados dos demais ao final dos tempos. Será profundamente incoerente se querer estar junto ao Amor se não se consegue amar.

O mundo da pós- modernidade é de muitos caminhos e opções. Vários deles se nos apresentam como básicos para a vida e assim são assumidos por muitos de nós. Aí está um engano. Não que elas sejam desimportantes. A questão é que seus sentidos são sempre parciais. Num primeiro momento poderá até parecer que nos completam, mas esse sentimento aos poucos irá se esvaindo e o coração logo iniciará a busca de algo novo que o preencha. Só Deus é capaz de nos realizar. Como somos criados por Deus e seguimos para Ele somente nele seremos completos.

Ao chegar até nós Deus enche de sentido a vida, tornando-a maior e mais significativa. Não que estarão resolvidos os problemas a partir desse encontro. Deus não é um mágico que vem e faz desaparecer a problemática da vida na qual cada um está enredado. O que Ele oferece é o ânimo, a força e a coragem para que a enfrentemos. Viver a dimensão do Reino de Deus aqui na terra não significa a alienação das dificuldades da existência. A partir de Deus as situações, agora relativizadas, ganham sentido novo e essa direção e significado levam ao comprometimento com o outro e o mundo.

 

 

Pistas para reflexão durante a semana:

 

– O que é o Reino para mim? Sinto-o presente na vida?

– Como tenho lidado com a rotina? Sinto estar também dentro da sua singeleza o Tesouro do Reino?

– Que coisas novas devo buscar e quais aquelas antigas preciso deixar ou re-significar para entrar na dimensão do Reino?

 

1ª Leitura – 1 Rs 3,5.7-12

Naqueles dias: Em Gabaon o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e lhe disse: ‘Pede o que desejas e eu to darei’. E Salomão disse: Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?’ Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. E Deus disse a Salomão: ‘Já que pediste estes dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti, nem haverá depois de ti.

 

2ª Leitura – Rm 8,28-30

Irmãos: Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou.

 

Evangelho – Mt 13,44-52

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: ‘O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E ai, haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?’ Eles responderam: ‘Sim.’ Então Jesus acrescentou: ‘Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.’

 

Fernando Cyrino

www.fernandocyrino.com



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