O time da justiça e da solidariedade

Publicado em 03/07/2014 | Categoria: Notícias |


Que tenhamos por palavra de ordem a sensibilidade e a conversão.

Por Geovane Saraiva*

Papa Francisco ressaltou: 'A bandeira dos pobres é cristã'.

Papa Francisco ressaltou: ‘A bandeira dos pobres é cristã’.

 

Como é maravilhoso sentir a graça de experimentar constantemente da presença do Senhor Deus! Aqueles que foram constituídos apóstolos pelo Mestre Divino e depois enviados em missão, voltaram e reuniram-se com Jesus para contar tudo quanto haviam realizado e ensinado, resultado fecundo, da força do anúncio do Evangelho (cf. Mc 6, 30-31).

 

Na Igreja, o bispo é o primeiro a ser chamado, no sentido hierárquico. Ele deve ser um irmão entre os irmãos, na busca da justiça, da paz e da solidariedade; deve ser também homem de todos, para não ser de ninguém. Assim também o padre não deve ser ministro de um grupo ou mesmo de movimentos apostólicos, sejam eles quais forem, para ser de todos. Como é importante o convencimento de que a única maneira de não ser de ninguém, é ser de todos.

Dom Roque Paloschi, bispo de Roraima, no seu desejo ardoroso de ser um bispo de todos, para não ser de ninguém, propõe-nos um grande desafio, neste tempo de muito combate, evidenciado na Copa Mundo da Fifa, ao convocar os irmãos de boa vontade e seguidores de Jesus de Nazaré, dizendo-nos: “Eu vou jogar no time de Jesus; eu vou fazer o gol da união; no nosso time não tem reserva; com Jesus eu sou titular. Somos convocados por Jesus a disputar a copa da justiça, da paz e da fraternidade”.

Quando vemos o papa Francisco envolvido na luta pelos povos da África, colocando-se com sua voz profética na defesa das pobres crianças albinas africanas, solidarizando-se como foi-lhe a solicitação da organização que cuida dessa pobre gente, lendo algumas passagens do livro ‘Sombra Branca’, do autor italiano Cristiano Gentile, que procura sensibilizar a opinião pública sobre a situação dos albinos na África, “uma população muitas vezes repudiada e rejeitada”

Que tenhamos por palavra de ordem a sensibilidade e a conversão, para que deste modo, possamos jogar no time de Dom Roque Pasloschi e do papa Francisco, que é o mesmo time de Nosso Senhor Jesus Cristo, diante de “milhares de pessoas com albinismo, consideradas seres sobrenaturais; são discriminadas, oprimidas e perseguidas só por causa da sua pele branca. Vivem isoladas, em extrema pobreza e, por causa do sol equatorial, a sua esperança de vida é de cerca de 30 anos”, explicam os promotores da iniciativa. O Serviço de Informação do Vaticano adianta que a leitura e o testemunho do papa se inserem numa mensagem universal de paz e fraternidade, cujos destinatários são desta feita os albinos africanos, símbolos vivos da periferia absoluta, os ‘últimos dos últimos’.

Dom Roque também marcou belos gols, quando denunciou a mineração e hidrelétricas em terras indígenas, afirmando com maestria: “Os povos amazônicos são portadores de uma enorme contribuição para a vida e o nosso futuro. Sua profunda espiritualidade, sua relação com a mãe terra, com as florestas, os rios e todas as formas de vida com quem convivem; seu impressionante acervo de conhecimentos aponta caminhos diferentes e humanizadores para todos nós”, sem esquecer o bispo defensor do pulmão do mundo, ao encontrar uma âncora no Vigário de Cristo, aos 27/07/2013: “A Igreja está na Amazônia não como aqueles que têm as malas na mão, para partir depois de terem explorado tudo o que puderam”. E aqui recordo Padre Antônio Vieira, nesta assertiva: “Eles (as autoridades) chegam pobres nas Índias ricas e voltam ricos das Índias pobres”.

O Sumo Pontífice pede uma Igreja capaz de “sair à rua” e ir à busca das pessoas, “entrar nas casas, visitar as famílias, andar nas periferias”, não ser “apenas uma Igreja que recebe, mas que oferece”. Ao ser rotulado de “marxista”, rejeita com veemência a afirmação dizendo: A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho. O papa retoma as suas preocupações com as consequências do desemprego, frisando que quem perde o seu trabalho “tem de lidar com outra pobreza, já não tem dignidade”. “Até pode ir à Cáritas e levar para casa um saco de bens alimentares, mas sente uma pobreza gravíssima que lhe destrói o coração”.

Saibamos agradecer ao bom Deus pelo papa Francisco, na afirmação ao jornal italiano Il Messagero (29/06/2014): “Graças a Deus não tenho nenhuma Igreja, sigo a Cristo. Não fundei nada. Do ponto de vista do estilo, não mudei comparado a como eu era em Buenos Aires. Sim, possivelmente alguma coisa pequena, porque tinha que ser feita, mas mudar na minha idade teria sido ridículo”, diante da pergunta: Para onde está indo a Igreja de Bergoglio?

* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, “Dom Helder: sonhos e utopias” e “25 Anos sobre Águas Sagradas”.

 

 

Fonte: Dom Total



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