Os Exercícios Espirituais do Papa
A primeira vez fora do Vaticano
Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre Francisco convidou a Cúria Romana para fazer os exercícios espirituais da Quaresma, de 9 a 14 de março, na Casa Divino Mestre, dos Paulinos, às margens do lago Albano, a 40 km de Roma.
Todos os anos, o Papa faz um retiro espiritual nesta época. É a primeira vez para o Papa Francisco e seguindo a tradição dos jesuítas, os Exercícios serão fora do lugar onde se vive e trabalha, ou seja, fora do Vaticano. Os Exercícios serão orientados pelo sacerdote romano Angelo De Donatis, da Igreja de São Marcos, no Capitólio, no centro da capital.
Uma cama simples , uma escrivaninha e obviamente, sem TV: assim é o quarto onde Francisco ficará hospedado durante o retiro espiritual.
Uma carta datada de outubro pela Secretaria de Estado, indica que o retiro se realizará “de modo reservado e silencioso, longe dos despachos habituais”. Na Casa de Retiros de Ariccia estarão todos os Prefeitos, Presidentes e Secretários dos Dicastérios da Cúria. Os participantes confirmaram sua presença antes do dia 30 de novembro.
Até este ano, os Exercícios Espirituais se realizavam no Palácio Apostólico e se dirigiam fundamentalmente ao Santo Padre. Os membros da Cúria participavam, pela manhã ou à tarde, mas não necessariamente de modo contínuo.
No ano passado, o retiro de Bento XVI teve a participação dos membros da Cúria na Capela Redemptoris Mater e se encerraram em 23 de fevereiro, no Palácio Apostólico Vaticano, poucos das antes do fim do Pontificado Ratzinger.
(CM)
Papa Francisco: “Hoje, existem cristãos condenados por possuírem uma Bíblia”
“A cruz está sempre no caminho cristão”, foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta terça-feira, na Casa Santa Marta, no Vaticano.
O Santo Padre centralizou a sua homilia nas perseguições dos cristãos e advertiu que hoje existem muito mais mártires do que nos primeiros tempos da Igreja.
Comentando a passagem do Evangelho de hoje, em que Pedro diz a Jesus: ‘Eis que nós deixamos tudo e te seguimos’, o Papa enfatizou a resposta de Jesus: “Eu garanto a vocês que quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim receberá cem vezes mais agora, durante esta vida”, mas acrescentou “junto com perseguições”.
“Como se quisesse dizer: Sim, vocês deixaram tudo e receberão aqui, na terra, muitas coisas, com perseguições. Como uma salada temperada com o óleo da perseguição, sempre! Este é o ganho do cristão e este é o caminho para quem deseja seguir Jesus, porque é o caminho criado por Ele. Ele foi perseguido! É o caminho do abaixamento, aquele caminho que Paulo disse aos Filipenses: Ele se abaixou. Se fez homem e se humilhou até a morte, morte de cruz’. Esta é a tonalidade da vida cristã.”
Nas Bem-Aventuranças Jesus diz: “Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos por causa de mim”. Os discípulos, logo depois da vinda do Espírito Santo, começaram a pregar o Evangelho e tiveram início as perseguições. Pedro foi preso, Estevão foi morto e ainda hoje morrem muitos outros discípulos. “A cruz sempre está no caminho cristão. Teremos muitos irmãos, irmãs, mães e pais na Igreja na comunidade cristã, mas teremos também perseguições”, frisou ainda o Papa que acrescentou:
“Porque o mundo não tolera a divindade de Cristo. Não tolera o anúncio do Evangelho. Não tolera as Bem-Aventuranças. Eis a perseguição, com palavras, calúnias, com as coisas que diziam dos cristãos nos primeiros séculos, as difamações, o cárcere. Nós nos esquecemos facilmente. Pensemos nos cristãos, sessenta anos atrás, nos campos, nas prisões nazistas e comunistas. Eram muitos! Hoje temos mais cultura e não existem estas coisas? Existem! Hoje, existem muito mais mártires do que nos primeiros tempos da Igreja.”
“Muitos irmãos e irmãs que testemunham Jesus são perseguidos. São cristãos que não podem nem ter a Bíblia consigo.”
“São condenados porque possuem uma Bíblia. Não podem fazer o sinal da cruz. Este é o caminho de Jesus, mas é um caminho de alegria, porque o Senhor nunca nos prova além daquilo que podemos suportar. A vida cristã não é um obter vantagem comercial, não é uma carreira: é simplesmente seguir Jesus! Mas quando seguimos Jesus acontece isso. Pensemos se temos dentro de nós o desejo de ser corajosos no testemunho de Jesus. Pensemos nos irmãos e irmãs que hoje não podem rezar juntos, porque são perseguidos; não podem ter a Bíblia porque são perseguidos.”
O Papa convidou a pensar nos irmãos que não podem ir à missa, porque é proibido. “Muitas vezes eles se reúnem em segredo com um sacerdote e fazem de conta que estão tomando um chá e ali celebram a missa. Isso acontece hoje”, disse ainda Francisco.
O Santo Padre exortou a pensar se estamos dispostos a carregar a cruz como Jesus, como fazem muitos irmãos e irmãs que hoje são humilhados e perseguidos. “Este pensamento nos fará bem”, concluiu o pontífice. (MJ)
Fonte: Rádio Vaticano