Os jovens gostam de desafios
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
No trabalho com a juventude percebe-se uma grande atração pela novidade. A rotina e a mesmice não atraem a atenção e nem mesmo fazem os jovens sair da mesmice e da rotina em que vivem.
Não querem a novidade pela novidade e sim a novidade que leva ao compromisso carregado de desafios. Ao lado da busca do novo também existe uma grande tentação em permanecer no imediato, no prazeroso, fugaz, momentâneo.
A paciência em esperar, crescer e ver os frutos do trabalho, parece impossível, porque a velocidade da técnica faz com que tudo seja imediato. O mundo da juventude hoje é o mundo do transitório, do aqui e agora, do momentâneo, por isso as palavras “permanente”, “para sempre”, “por toda a vida” assustam e causa medo.
No dia 23 de maio, vivemos um fato histórico em nossa Arquidiocese. Quatro jovens assumiram para sempre o compromisso de doar a própria vida para servir. Na entrega total a exemplo de Jesus e Bom Pastor, se prepararam durante sete anos de estudos, experiências pastorais, convivência em comunidade, para dar um sim definitivo na vida consagrada.
Esses jovens vieram das famílias, famílias com todas as alegrias e tristezas, formam educados nos ambientes normais, viveram e se integraram nas comunidades paroquiais e nestes ambientes sentiram o chamado.
A resposta foi construída a cada etapa da formação, entre dúvidas e certezas, entre o medo e a beleza do ministério, foram capazes de chegar e ao mesmo tempo sair em missão, para servir e dar a vida para sempre.
Jovens, não tenham medo de fazer escolhas definitivas! Também para formar uma família, é preciso ter coragem. Mais do que nunca a falta de fidelidade é o que mais ameaça a vida a dois.
O Papa Francisco dizia aos jovens: “O matrimônio é uma verdadeira vocação, assim como o sacerdócio e a vida religiosa. Dois cristãos que se casam reconheceram em sua história de amor o chamado do Senhor, a vocação a se tornarem de dois, homem e mulher, uma só carne, uma só vida. O Sacramento do Matrimônio envolve esse amor com a graça de Deus, enraíza essa união no próprio Deus.”
A complexidade do mundo moderno, marcadamente voltada para satisfazer o indivíduo, e a sua privacidade, os seus gostos e desejos, descarta em segundo ou terceiro plano a necessidade de ser feliz fazendo o outro feliz antes de tudo.
Na vocação presbiteral, como na vocação matrimonial, o fundamental está em amar e dar a vida. É uma entrega para ser mais, doando. O meu senhor é o outro; o dono da minha vida é alguém pelo qual decidi doar a vida.
Nesta perspectiva está o sentido de uma escolha definitiva. O “eu” deu lugar para ao “tu” e na medida que este compromisso se trona realidade, encontra-se o sentido de ter deixado tudo.
O Consagrado e a consagrada são pessoas que vivem aqui o eterno. A experiência do paraíso, não é outra coisa do que viver para sempre a reciprocidade de amar e ser amado, sem esperar nada em troca. Tanto o casado como o consagrado pode antecipar, aqui e agora a experiência do céu.
A Igreja que está em Maringá, louva e agradece a Deus pelo chamado destes quatro jovens, que souberam reconhecer a voz interior e responder com coragem e generosidade. Ao mesmo tempo vamos continuar rezando como Jesus pediu: “Enviai, Senhor, operários a Vossa messe, pois a messe é grande e os operários são poucos” (Mt 9,37). Rezemos e muito, pelas vocações e pelas famílias, principalmente pela perseverança de todos nós até o fim. Deus abençoe você e sua família!
Fonte: CNBB