P. Pedro Fabro, companheiro de Santo Inácio de Loyola, proclamado Santo pelo Papa Francisco
O Papa Francisco recebeu em audiência privada na terça-feira (17), de tarde, o Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato. No decorrer do encontro, o Sumo Pontífice, após ouvir o Relatório, estendeu à Igreja universal o culto litúrgico em honra do Beato Pedro Fabro, sacerdote professo da Companhia de Jesus, nascido em Le Villaret (Alta Saboia, França) em 13 de abril de 1506 e falecido em Roma a 1 de agosto de 1546, inscrevendo-o no Catálogo dos Santos.
Ao mesmo tempo autorizou a Congregação a promulgar os Decretos que reconhecem:
– o milagre, atribuído à intercessão da Venerável Serva de Deus Maria Teresa Demjanovich, religiosa professa da Congregação das Irmãs da Caridade de Santa Isabel; nascida em Bayonne (Nova Jersey, Estados Unidos) em 26 de março de 1901 e falecida em 8 de maio de 1927;
– as virtudes heróicas do Servo de Deus Emanuele Herranz Establés, Sacerdote diocesano e Fundador das Religiosas Escravas da Virgem Dolorosa; nascido em Campillo de Dueñas, Espanha, em 1º de janeiro de 1880 e falecido em Madrid, Espanha, em 29 de junho de 1968;
– as virtudes heróicas do Servo de Deus Giorgio Ciesielski, leigo e pai de família; nascido em Cracóvia, Polônia, em 12 de fevereiro de 1929 e falecido no Egito em 9 de outubro de 1970.
Pedro Fabro, abertura mental e espiritual de um santo – o comentário do P. António Spadaro
Diálogo, discernimento, fronteira. As três palavras-chave de Pedro Fabro evocam imediatamente a ação pastoral do Papa Francisco. Uma sintonia que é ressaltada pelo diretor da revista jesuíta La Civiltà Cattolica, P. Antonio Spadaro, que em vista dessa canonização publicou o volume “Pedro Fabro. Servidor da consolação”. A Rádio Vaticano perguntou ao sacerdote da Companhia de Jesus qual o significado que tem para os jesuítas a canonização do primeiro companheiro de Santo Inácio de Loyola:
“Tem um grande significado, porque todos conhecem São Francisco Xavier, o segundo companheiro de Santo Inácio de Loyola; mas Pedro Fabro foi o primeiro, tendo sido o companheiro de quarto de Santo Inácio na Universidade de Paris, onde estudavam; foi o primeiro a aproximar-se dele, o primeiro a fazer os Exercícios espirituais… Diria que sem Pedro Fabro a Companhia de Jesus não existiria. Portanto, é um momento muito particular e verdadeiramente importante para nós.
“Talvez ao longo do tempo, especialmente durante a segunda metade do Séc. XVI, a sua fama tenha sido de certo modo vítima de uma espécie de desconfiança em relação à dimensão mística, que mesmo na Companhia de Jesus fez brecha em favor de uma atitude mais ascética do que mística. Ao invés, Pedro Fabro é uma figura mística, podemos dizer até mesmo difícil de compreender plenamente: é um pouco complexa. Todavia, a devoção jamais se perdeu ao longo do tempo. Na realidade, o próprio Santo Inácio, mais do que celebrar sufrágios por ele, celebrou missas de alegria, de triunfo, e até mesmo São Francisco Xavier, assim que Pedro Fabro morreu, acrescentou o nome dele na Ladainha de todos os Santos…”
O P. António Spadaro considerou ainda existirem algumas características de Pedro Fabro na ação pastoral de Papa Francisco…
“Encontramos muita coisa: no trato humano, na espiritualidade… Fabro era um homem muito aberto à experiência e à vida; sobretudo, era um homem sem barreiras mentais, sem conclusões prévias. Amante da reforma da Igreja, sabia que era necessário muito tempo e fundava na amizade o seu desejo de reforma. Um dia, por exemplo, sentiu interiormente que deveria rezar, ao mesmo tempo, pelo Papa, por Lutero, por Henrique VIII e por Solimão II. Fabro viveu num clima fluido e agitado na primeira metade do Séc. XVI parisiense, e é portador de uma sensibilidade moderna que hoje vibra em consonância com a nossa. Portanto, encarnou uma abertura mental e espiritual em relação aos desafios da sua época, que muito nos recorda o impulso missionário do Papa Francisco.” (RS)
Fonte: Rádio Vaticano