Papa: Igreja pobre, que cuida e cura
A Igreja deve anunciar o Evangelho ‘na pobreza’ e quem o anuncia deve ter como único objetivo aliviar as misérias dos mais pobres, sem jamais se esquecer que este serviço é obra do Espírito Santo e não de forças humanas.
Este foi o teor da homilia que o Papa proferiu na manhã de quinta-feira, 05, na Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Curar, erguer-se, libertar. Expulsar os demônios e depois reconhecer com sobriedade: “fui um simples operário do Reino”. É isso que deve fazer, e dizer de si, um ministro de Cristo quando cura os feridos” que aguardam nas “salas de espera” da Igreja “hospital de campo”. Este conceito, tão querido a Francisco, retornou à sua reflexão da manhã, ditada pelo trecho do Evangelho do dia em que Jesus envia os discípulos em duplas às aldeias para pregar, curar os doentes e expulsar os ‘espíritos impuros’.
Curar as feridas do coração
O olhar do Papa é atraído pela descrição que Jesus faz do estilo que seus enviados devem ter diante do povo: que sejam pessoas sem luxo: “nada de pão, bolsas e dinheiro”, diz ele – e isto porque o Evangelho, afirma Francisco, “deve ser anunciado na pobreza, porque a salvação não é uma teologia da prosperidade”. É apenas e somente o “feliz anúncio” de libertação levado a todos os oprimidos:
“Esta é a missão da Igreja; a Igreja que cuida e que cura. Algumas vezes, falei da Igreja como um hospital de campo: é verdade! Quantos feridos existem, quantos! Quanta gente precisa que suas feridas sejam curadas! Esta é a missão da Igreja: curar as feridas do coração, abrir portas, libertar, dizer que Deus é bom, que Deus perdoa tudo, que Deus é pai, que Deus é ternura, que Deus nos espera sempre…”.
Zelo apostólico, não compromisso de ONGs
Desviar a essencialidade deste anúncio abre ao risco – muitas vezes advertido pelo Papa Francisco – de deturpar a missão da Igreja, para a qual o compromisso de aliviar as várias formas de miséria se esvazia da única coisa que importa: levar Cristo aos pobres, aos cegos, aos prisioneiros:
“É verdade, nós temos que ter ajuda, e criar organizações que ajudem a fazer isso: isso sim, porque o Senhor nos dá os dons para isso. Mas quando esquecemos esta missão, esquecemos a pobreza, esquecemos o zelo apostólico e colocamos a esperança nestes meios, a Igreja lentamente desliza em uma ONG e se torna uma bela organização: poderosa, mas não evangélica, porque lhe falta aquele espírito, aquela pobreza, aquela força para curar”.
Discípulos “trabalhadores do Reino”
Os discípulos retornam “felizes” de sua missão e o Papa recorda que Jesus os leva consigo “para descansar um pouco”. No entanto, ressalta Francisco …
“… não diz a eles: Vocês são grandes, na próxima saída agora organizem melhor as coisas …’. Somente: ‘Quando você tiverem feito tudo isso, digam a si mesmo: ‘Somos servos inúteis’. Este é o apóstolo. E qual seria o mais belo elogio para um apóstolo? “Ele foi um operário do Reino, um operário do Reino ‘. Este é o maior elogio, porque vai por esse caminho o anúncio de Jesus: vai curar, proteger, proclamar esta boa notícia e este ano de graça. Fazer com que o povo reencontre o Pai, levar a paz aos corações das pessoas”.
(CM/SP)
Fonte: Rádio Vaticano