“Para que sejam um”: Francisco na Terra Santa
Amã (RV) – “Para que sejam um”: sob o signo da unidade, teve início na manhã deste sábado a peregrinação de Francisco à Terra Santa – a primeira viagem fora da Itália decidida por ele desde o início do seu pontificado (a participação na JMJ do Rio de Janeiro, em julho de 2013, já havia sido marcada por seu antecessor, Bento XVI).
O avião com o Pontífice e sua comitiva decolou do aeroporto romano de Fiumicino no horário previsto, às 8h15 locais. Francisco embarcou carregando sua maleta preta, depois de saudar as autoridades presentes. Até a capital jordaniana, o Papa percorreu 2.365 km em três horas e 45 minutos.
No aeroporto internacional da cidade, Francisco foi acolhido pelo Núncio Apostólico e pelo representante do Rei Abdallah II Hussein, o Príncipe Muhammed. Duas crianças entregaram ao Pontífice dois buquês de íris preta – símbolo do Reino Hachemita.
Amã, Belém e Jerusalém: três dias, três cidades escolhidas com duas motivações principais. A primeira, recordar os 50 anos do abraço entre Paulo VI e Atenágoras, e assim dar um novo impulso ao diálogo ecumênico. A segunda, reforçar o apelo à paz no Oriente Médio.
A primeira etapa da viagem de Francisco à Terra Santa, em Amã, prevê quatro eventos.
Desde a sua chegada à Jordânia, às 13h locais, até o jantar na Nunciatura Apostólica, às 20h55, não está previsto qualquer repouso por decisão do próprio Papa. Aliás, os três dias de viagem serão marcados por esse ritmo intenso, sem descanso entre um compromisso e outro.
Após a cerimônia de boas-vindas no Palácio Real, o Pontífice se dirige ao estádio internacional de Amã, para presidir à Santa Missa.
Está prevista a presença de numerosos refugiados cristãos provenientes da Palestina, da Síria e do Iraque. Durante a celebração, cerca de 1.400 crianças recebem a Primeira Comunhão.
Do estádio, Francisco se dirige para o local do batismo de Jesus, às margens do rio Jordão, para um momento de oração silenciosa e o rito da bênção das águas.
Ali mesmo, na igreja latina ainda em construção, o Papa encontra cerca de 600 refugiados e jovens com deficiência, aos quais faz seu terceiro pronunciamento desta viagem.
O dia se encerra com o jantar na Nunciatura Apostólica.
Para explicar as etapas mais significativas em Amã, a Rádio Vaticano contatou o Pe. Antonio Xavier, estudante de Ciências Bíblicas em Jerusalém e que mora em Belém.
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(BF)
Na Jordânia, Francisco pede solução “urgente” para conflitos na região
Amã (RV) – Paz, diálogo e liberdade religiosa: estes foram os principais temas tratados por Francisco em seu primeiro discurso na Terra Santa, no Palácio Real de Amã.
A Jordânia foi a porta de entrada para Francisco nesta peregrinação. A cerimônia de boas-vindas não se realizou no aeroporto, mas no Palácio Real, onde o Pontífice foi acolhido pelo Rei Abdallah II Hussein e pela Rainha da Jordânia, Rania. Quando Paulo VI visitou o país, em 1964, seu anfitrião foi o pai de Abdallah II. O atual monarca, no trono desde 1999, deu as boas-vindas a João Paulo II em 2000 e a Bento XVI em 2009, e já foi recebido duas vezes por Francisco no Vaticano (agosto 2013 e abril de 2014).
Após as execuções dos hinos dos dois Estados, houve o encontro privado, com a família, a troca de presentes e a apresentação das delegações. Mas foi com as autoridades jordanianas que Francisco fez seu primeiro pronunciamento na Terra Santa.
O Papa escolheu a língua italiana para se comunicar com os médio-orientais, pois quer ter a possibilidade de improvisar em seus discursos e homilias.
Francisco definiu a Jordânia uma “terra rica de história e de grande significado religioso para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo”. De modo especial, o Pontífice destacou o acolhimento “generoso” a um grande número de refugiados palestinos, iraquianos e sírios – vítimas de um “conflito que já dura há muito tempo”.
“Este acolhimento merece a estima e o apoio da comunidade internacional”, afirmou o Papa, garantindo o empenho da Igreja Católica na assistência aos refugiados e a quem vive em necessidade, sobretudo através da Cáritas Jordaniana.
A seguir, Francisco constatou a persistência de “fortes tensões na área médio-oriental”, agradecendo às autoridades do Reino Hachemita pelo compromisso na busca da paz. Para este objetivo, advertiu o Papa, “torna-se imensamente necessária e urgente uma solução pacífica para a crise síria, bem como uma solução justa para o conflito israelense-palestino”.
Quanto ao diálogo inter-religioso, mais uma vez o Papa expressou sua gratidão à Jordânia por ter incentivado uma série de importantes iniciativas para promover a compreensão entre judeus, cristãos e muçulmanos. “Aproveito esta oportunidade para renovar o meu profundo respeito e a minha estima à comunidade muçulmana e manifestar o meu apreço pela função de guia desempenhada pelo Rei na promoção duma compreensão mais adequada das virtudes proclamadas pelo Islã e da serena convivência entre os fiéis das diferentes religiões.”
Aos cristãos, o Papa agradeceu principalmente pelo trabalho no campo da educação e da saúde, ressaltando que na Jordânia eles podem professar com tranquilidade a sua fé. A liberdade religiosa, recordou Francisco, é um direito humano fundamental, fazendo votos de que o mesmo seja tido em “grande” consideração em todo o Oriente Médio e no mundo inteiro.
“Os cristãos sentem-se e são cidadãos de pleno direito e pretendem contribuir para a construção da sociedade, juntamente com os seus compatriotas muçulmanos, oferecendo a sua específica contribuição.”
Por fim, o Pontífice saudou o Reino da Jordânia e seu povo, “com a esperança de que esta visita contribua para incrementar e promover boas e cordiais relações entre cristãos e muçulmanos”.
(BF)
Fonte: Rádio Vaticano