Pedro e Paulo, pedras fundamentais na base da Igreja
Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra da festa de São Pedro e São Paulo Apóstolos – Dia do Papa
Famoso construtor planejava sua obra prima. Aquele seria o maior e mais belo palácio jamais visto. Todos que o vissem se encantariam e fariam tudo para vir morar nele. Precisava ser firme e assim ordenou aos empregados que procurassem as pedras melhores e mais fortes. O castelo iria resistir aos furacões e às maiores tempestades. Passou-se um tempo e o chefe dos pedreiros chegou lhe dizendo que tudo estava preparado. A construção poderia ser iniciada. Cuidadoso, lá foi ele averiguar se as pedras recolhidas eram as de melhor qualidade, conforme tinha especificado. Ao examiná-las duas lhe chamaram a atenção. Aquelas não eram, definitivamente, dessas pedras comuns de toda obra. Teve certeza que sua construção seria levantada com muita beleza e segurança. Mandou então que a primeira delas fosse colocada como a base principal da imensa casa. Foi posta de tal forma que nada, nem ninguém, seria capaz de movê-la um milímetro que fosse, a outra foi guardada. Imaginava colocá-la em ponto chave da obra. A construcão acabara sem que o construtor encontrasse função para ela. O castelo cativava a todos que de longe viam suas torres. O problema é que somente aqueles que passavam pelas vizinhanças e que podiam ver suas torres é que podiam usufruir dele. Foi então que o sábio construtor encontrou enfim função para a pedra guardada. Enviá-la mundo afora para que todos vissem de que era feito o seu castelo, e o quanto era firme, belo e acolhedor. Para que, através de tão formosa pedra tivessem o vislumbre do encanto e importância da sua construção. E foi por isto que uma primeira pedra permaneceu sustentando a casa, enquanto a outra ia rolando pelas estradas, divulgando entre todos os povos as maravilhas do seu construtor.
Celebramos neste domingo a festa dessas duas pedras tão importantes para a Igreja. Pedro, a pedra fixa sobre a qual o construtor sobe as paredes da sua Igreja e a outra, Paulo, a pedra que Ele envia mundo afora para que ninguém ficasse de fora da boa nova daquela realidade maravilhosa.
Fazendo um exercício absurdo, imaginemos como teria caminhado a Igreja e o que estaríamos fazendo hoje, acaso os dois houvessem recusado a missão de apóstolos do Reino? Ao viver, incansavelmente, tudo que nos legaram nem dá para se ter a noção do quanto teria ficado a Igreja mais pobre, sem essas duas pedras preciosas que deram tudo, até a vida, pelo Evangelho. Será que se não tivesse havido esses dois gigantes viveríamos hoje no seguimento, ou a fé teria ficado mais restrita ao Oriente?
Pedro e Paulo, dois homens com competências, habilidades e atitudes totalmente distintas. Apóstolos que se complementam em suas tantas e profundas diferenças. Um amigo me dizia que via Pedro como o hardware da Igreja. Deu-lhe a base, proveu a estrutura para que nela pudessem ser instalados os softwares. Paulo é esse primeiro software. Programa poderoso que, como as redes sociais de hoje em dia, espalhou-se qual rastilho por toda a terra.
Dois missionários que podem também ser comparados ao movimento do automóvel. Pedro é aquele que cumpre a função de freio, evitando que o excesso de velocidade faça com que acabe se perdendo. Mantém-se na retaguarda da fé. Toma posições conservadoras e polêmicas, como a da circuncisão dos novos cristãos não oriundos do judaísmo. Paulo é o que atua como acelerador desse carro. Exige velocidade e cuida para que a lei não se sobreponha ao espírito.
Pedro, homem rude e oriundo das classes menos favorecidas. Um simples pescador quiçá analfabeto. Homem impetuoso que se lança para ferir aquele que veio prender seu Mestre, ao mesmo tempo em que o renega enfaticamente, eis que três vezes, pouco depois. Pedro que acredita e faz linda profissão de fé, ao mesmo tempo em que duvida e se afunda nas águas. Pedro que aceita a delegação do Senhor e assume o serviço da liderança na Igreja nascente.
Dois homens interessantes, riquíssimos em humanidade. Duas pedras básicas da Igreja que Deus vai transformando. Como em Maria o Senhor faz neles maravilhas: Provas de que todos temos jeito. Ele transforma um assassino e um mentiroso em dois santos incríveis e que tanto fizeram pela fé como discípulos missionarios de Jesus.
Paulo, cidadão romano. Antigo aluno da melhor escola rabínica, a do sábio Gamaliel. Homem de vasta cultura, leitor e escritor de várias línguas, inclusive o grego que exercia naquela época o papel que o inglês tem para o mundo hoje. Paulo, homem que não que saber de Jesus e nem de seus seguidores. Persegue-os para que não se propaguem, ao contrário, que fossem todos exterminados. Ao mesmo tempo em que se transforma na pedra peregrina que desconhece limites e fronteiras.
Quando as diferenças são usadas com espírito, ou seja, criativamente, elas se tornam complementares e aí o conflito deixa de ter sentido eis que as competências únicas de cada um dos dois são somadas, gerando uma sinergia, na qual a soma de um com o outro dá um resultado muito maior do que dois, como seria de se prever na aritmética. Peçamos ao Senhor que suscite em cada um de nós o ardor apostólico e missionário de Pedro e Paulo, para que tenhamos mais coragem de assumir nosso caminho com Jesus.
Perguntas para reflexão durante a semana:
– Que tipo de pedra eu sou na construção da Igreja?
– Com qual dos dois (Pedro e Paulo) mais me identifico? Estou aberto para me aproximar daquele outro do qual não me sinto tão semelhante?
– Como se dá o meu convívio com os diferentes na vida diária?
1ª Leitura – At 12,1-11
Naqueles dias, o rei Herodes prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender a Pedro. Eram os dias dos Pães ázimos. Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão, guardado por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes tinha a intenção de apresentá-lo ao povo, depois da festa da Páscoa. Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele. Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam a porta da prisão. Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela.O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes caíram-lhe das mãos. O anjo continuou: “Coloca o cinto e calça tuas sandálias!” Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: “Põe tua capa e vem comigo!” Pedro acompanhou-o, e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por meio do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão. Depois de passarem pela primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava!”
2ª Leitura – 2Tm 4,6-8.17-18
Caríssimo: Quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa. Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças; ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.
Evangelho – Mt 16,13-19
Naquele tempo: Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz es tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja,e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus
Fernando Cyrino
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