Pentecostes

Publicado em 04/06/2017 | Categoria: Notícias |


 

Pentecostes

 

 

Celebramos com alegria a solenidade de Pentecostes. O Espírito do senhor desceu sobre nós e nos congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se renova com a presença do Espírito criador e unificador, pelo qual formamos um único corpo em Cristo.

 

 

 

 

padre paulo

 

Trechos da homilia do padre Paulo na  missa deste domingo, às 8 horas, na   Capela  Imaculado Coração de Maria

Ao celebrar  a festa de Pentecostes , celebramos a certidão de nascimento da Igreja que caminha na história levando a mensagem de Deus ao mundo. Todos nós somos de barro: ” se tiramos o Vosso Espírito voltaremos ao pó”, por isso Jesus envia o seu Espírito para nos fortalecer e seguirmos com sua missão.

Padre Paulo explica a importância de pedirmos  o Espírito Santo: 

– Aqui na terra é trabalho e luta diária, por isso precisamos desta sintonia  contínua com o Espírito Santo de Deus, porque é Ele que nos anima. Precisamos ouvir o Espírito Santo. A Igreja atualiza na história  a vinda do Espírito  Santo e nós inspirados pelo mesmo Espírito, seguimos também atualizando a mensagem de Jesus na história.

O padre  deu dois exemplos da atualização da Igreja, a missa que não é mais rezada em latim e homens e mulheres que passaram a ocupar o mesmo lugar nos bancos da Igreja, quando no passado  tinham que sentar em lados opostos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

debora

A paroquiana Debora acende as velas, simbolizando os sete dons do Espírito Santo

 

 Vinde Espírito Santo!
1. Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz!
2. Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.
3. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde!
4. No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.
5. Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!
6. Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.
7. Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.
8. Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei.
9. Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.
10. Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém

 

 

 

 

 

Padre Paulo fala da importância de pedirmos  os Dons do  Espírito Santo de Deus

padre paulo fala dos dons do espirito

1- Sabedoria: É o dom de perceber o que favorece e o que prejudica o projeto de Deus. Ele nos fortalece nossa caridade e nos prepara para uma visão plena de Deus. O próprio Jesus nos disse: “Quando fordes presos, não vos preocupeis nem com a maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer. Porque não sereis vós quem falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós” (Mt 10,19-20) A verdadeira sabedoria traz o gosto de Deus e de sua Palavra.

02- Entendimento: É o Dom Divino que nos ilumina para aceitar as verdades reveladas por Deus. Mediante este dom, o Espírito Santo nos permite perscrutar as profundezas de Deus, comunicando ao nosso coração uma particular participação no conhecimento divino, nos segredos do mundo e na intimidade do próprio Deus. O Senhor disse: “Eu lhes darei um coração capaz de me conhecerem e de entenderem que Eu sou o Senhor” (Jr 24,7).

03- Conselho: É o dom de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar e escutar. É a luz que o Espírito nos dá para distinguirmos o certo do errado, o verdadeiro do falso. Sobre Jesus repousou o Espírito Santo, e lhe deu em plenitude esse dom, como havia profetizado Isaías: “Ele não julgara pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer, mas julgará os fracos co equidade e fará justiça aos pobres da terra (Is 11,3-4)

04- Ciência: É o dom da ciência de Deus e não da ciência do mundo. Por este Dom o Espírito Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós, pois “os mistérios de Deus ninguém os conhece, a não ser o Espírito Santo” (1 Cor 2,10-15).

05- Piedade: É o dom que o Espírito Santo nos dá de estar sempre aberto à vontade de Deus, procurando sempre agir como Jesus agiria. Se Deus vive a sua aliança com o homem de maneira tão envolvente, o homem, por sua vez, sente-se também convidado a ser piedoso com todos. Na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios ele escreveu: “A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vocês permaneçam na ignorância. Vocês bem sabem que, quando vocês eram pagãos, eram facilmente atraídos para ídolos mudos. Por isso eu lhes declaro: todo aquele que é agora conduzido pelo Espírito de Deus não pode blasfemar contra Jesus. Bem como ninguém poderá dizer convictamente Jesus é o Senhor, a não ser movido pelo Espírito Santo” (1Cor 12,1-3).

06- Fortaleza: Este é o dom que nos torna corajosos para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia da vida cristã. Torna forte e heróica a fé. Lembremos a coragem dos mártires. Dá-nos perseverança e firmeza nas decisões. Os que estiverem dotados desse dom não se amedrontam diante de ameaças e perseguições, pois confiam incondicionalmente no Pai. Em Apocalipse vimos “Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias o demônio vai lançar alguns de vós na prisão, para pôr-vos à prova. Tereis tribulações durante algum tempo. Sê fiel até a morte, e te darei a coroa da vida” (Ap 2,10).

07- Temor de Deus: Este dom nos mantém no devido respeito diante de Deus e na submissão à sua vontade, afastando-nos de tudo o que lhe possa desagradar. Por isso Jesus teve sempre o cuidado de fazer em tudo a vontade do Pai, como Isaías havia profetizado: “Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento. Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor do Senhor” (Is 11,2).

 

 

 

 

 

 

 

padre paulo apaga o cirio

 

 

 

Na celebração de hoje também é apagado o Círio Pascal

 

RITO PARA APAGAR O CÍRIO PASCAL
O dirigente aproxima-se do Círio ainda aceso e se dirige ao povo com a seguinte motivação.
Irmãos e irmãs, na noite da Vigília Pascal, aclamamos Cristo nossa Luz e acendemos o Círio Pascal. A luz do Círio nos acompanhou nestes cinquenta dias doTempo Pascal. Hoje,dia de Pentecostes, concluímos o Tempo Pascal. O Círio será apagado. Este sinal nos é tirado para que, educados na escola pascal do mestre Ressuscitado, nos tornemos a “luz de Cristo”que se irradia, como uma coluna luminosa que passa no mundo, para iluminar os irmãos e irmãs e guiá-los no êxodo definitivo rumo ao céu.
Término do Tempo Pascal
Ao terminar o Tempo Pascal, depois das Vésperas e Completas, convém que se guarde o Círio Pascal com veneração, no Batistério, para nele se acenderem as velas dos batizados.
espirito santo sopro

“Soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22)

A reflexão bíblica é elaborada por Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta, comentando o evangelho do Domingo de Pentecostes (04/06/2017) que corresponde a João 20,19-23.

De Jesus e do Pai fazemos muitas representações; do Espírito, muito mais que falar dele, invocamos a relação com Ele: “vem!”. Invocamos para vir Aquele que já está presente, o Realizador das transformações, o Possibilitador de toda relação, o Aumentador da vida.

O fogo, o vento, a água viva, são os símbolos mais potentes com os quais a Bíblia tenta dizer algo dessa Presença Possibilitadora de tudo o que vive, de sua força criadora e criativa, de sua imprevisibilidade, de sua capacidade para gerar sabedoria, saúde e beleza. São símbolos do movimento constante e do fluir silencioso dos processos que gestam a vida.

No relato da Criação, “a Ruah de Deus (em hebraico, Ruah é feminino) pairava sobre as águas”: trata-se de uma bela imagem da matriz ou útero originário fecundo de tudo quanto existe; tudo é amorosamente acolhido, fecundado, gestado, carregado neste grande ventre cósmico que podemos chamar divino: “Deus”. Alento, sopro, vento, respiração, força, fogo… com nome feminino que fala de maternidade e de ternura, de vitalidade e carícia. Seu calor gera harmonia no caos, realça a beleza e originalidade de cada criatura, dando a cada uma seu lugar, o espaço que necessita para potencializar seu ser. Nessa relação adequada, cada erva, cada montanha, cada ser que vive, tem seu lugar e seu sentido.

O Espírito pairava sobre as águas” (Gen. 1,1). “Pairava” pode ser traduzido também por “vibrava”. Tudo vibra no universo: vibram as partículas e vibram os átomos, vibram as estrelas e vibram as galáxias, vibram os seres humanos, vibram o canto e a dança. Cada som é vibração e também o silêncio é vibração. O coração de cada ser, pequeno ou grande, pedra, planta ou animal está vibrando. A vida é vibração.

O Espírito que “pairava” sobre as águas é a imagem da vibração divina que habita e se move no coração de tudo quanto existe. O Espírito é a respiração universal.

Tudo é energia, movimento, relação, e daí brotam maravilhosamente todas as formas de todos os seres, como de uma misteriosa matriz materna.

E o Espírito sempre está ali silenciosamente presente, como Aquele que vincula e une, como Tecedora constante de redes que fazem crescer, como Reparadora de todos os tecidos que um dia se rasgaram e se separaram do pano único de onde confluem todos os fios da vida.

Hildegar von Bingen dizia que o Espírito é “vida da vida de toda criatura”.

Cada dia é o primeiro dia da Criação; cada instante é o princípio. A Criação está acontecendo e renovando-se a cada instante e uma Energia profunda e criativa nos acompanha, nos anima e nos move. Estamos sendo criados; não estamos prontos e abandonados, não estamos condenados a um plano predeterminado e frio. Em tempos de Pentecostes é bom recordar e dizer a nós mesmos: “Somos criaturas, estamos sendo amorosamente criados(as) e impulsionados(as) a criar. Há esperança”.

Contemplar deste modo a realidade, nos move a confiar, esperar, respirar. Contemplemo-la assim: a realidade inteira alentada e fecundada sem cessar pelo Espírito materno; a realidade inteira carregada de infinitas e novas possibilidades, carregada de Infinito. Podemos esperar.

Hoje somos conscientes e podemos agradecer essa presença do Espírito nos perfumes que a humanidade exala: no seu empenho pela paz e pela justiça, na contribuição à integridade da criação, na sua cumplicidade com os ciclos que favorecem a vida, no potencial de ternura, de cuidado e de resistência frente a todas aquelas situações e forças que desintegram a vida, na ação colaborativa, na interdependência, no diálogo e na abertura às diferentes culturas e às diversas tradições espirituais, maneiras novas e necessárias de situar-nos no mundo. Tudo isso é sinal do movimento do Espírito.

No momento em que entramos no mundo, nascemos formando parte de uma rede de relações. Este tecido relacional vai nos expandindo ao longo do crescimento. “Ao final de minha vida abrirei meu coração cheio de nomes” (Pedro Casaldáliga). O Espírito é o que escreve os nomes que vão conformando nossa vida, nos quais fizemos experiência do que significa isso que chamamos amor e que está gravado em nossa origem e em nosso destino, como nossa fome maior e como nosso dom mais apreciado.

A imagem do “soprar sobre eles”, no evangelho de hoje, contém uma riqueza elegante: significa compartilhar o que é mais “vital” de uma pessoa, sua própria respiração, seu mesmo espírito, todo seu dinamismo.

É uma imagem que nos faz reconhecer o Espírito como o Alento último, o Dinamismo vital que pulsa em todas as formas de vida que podemos ver e que nelas se manifesta. Não há nada onde não possamos percebê-lo, nada que não nos fale d’Ele.

Por isso, a comunidade dos seguidores de Jesus, ao compartilhar com Ele o mesmo Sopro, torna-se uma “comunidade conspiratória”, ou seja, “conspirar”, “com-inspirar”, “respirar juntos”; ao soprar o Espírito, Jesus e os discípulos respiram o mesmo ar, o mesmo sonho, a mesma utopia do Reino…

Não é estranho que, com o Espírito, Jesus se refira à missão: é o mesmo Espírito – seu sopro – Aquele que O conduziu e quer conduzir a nós também.
O Espírito e nós não somos dois. Somos “seres espirituais vivendo uma aventura humana” (Teilhard de Chardin). Quando tomamos consciência desta realidade profunda, realizam-se em nós as palavras de Jesus: a unidade de tudo morando em nós, no Amor – outro nome do Espírito -, como única realidade que tudo sustenta e constitui.

Mais ainda, o Espírito habita nosso ser profundo, sustenta nossas energias sadias, aumenta nossas forças, compromete-nos a crescer de forma autônoma. Ele age como um “princípio dinâmico” e como um “energético ativo”, que reforça as atividades criativas do eu. Temos de viver a partir do Espírito, transformando e vitalizando nossos gestos, pensamentos, compromissos, encontros.

Por isso, Pentecostes não acontece até que, reconhecendo o Espírito como nossa Identidade mais profunda, nos deixemos guiar por Ele, ou melhor, viver a partir d’Ele, conscientemente conectados com a Fonte Primeira. Falar do Espírito e celebrar Pentecostes é, portanto, celebrar a festa, a vida e a Identidade última de tudo o que é e existe: é nossa festa.

Para meditar na oração

O Espírito urge!” Para abrir-nos a este “Sopro”, de modo que possamos experimentá-Lo no nosso “eu” mais profundo, precisamos calar a mente, abrir-nos diretamente ao que é, e perceber, com prazer, que podemos descansar sempre nisso. “Descanso” é outro nome do Espírito.

No silêncio da mente o Espírito se revela a nós, não como uma presença separada, mas como presença interna de tudo o que é: Cuidado, Descanso, Dinamismo… Vida em plenitude. E isso é o que somos todos.

 

Publicado pelo Instituto Humanitas, 02/06/2017.

 

Fonte de consulta: Aleteia / O Domingo/ O Pão Nosso de Cada Dia e Instituto Humanitas


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