Resistências, “dentro e fora da Igreja”, ao Sínodo da Amazônia.
A menos de cinco meses de seu início, o cardeal brasileiro Claudio Hummes reconheceu que há resistências, “dentro e fora da Igreja”, ao Sínodo da Amazônia que acontecerá em Roma, em outubro, e convidou a um “discernimento para saber como se comportar” diante das oposições.
Sem mencionar diretamente o governo de Jair Bolsonaro no Brasil, principal opositor à reunião convocada pelo Papa Francisco de 6 a 27 de outubro, o cardeal Hummesconsiderou, em uma longa entrevista à revista La Civiltà Cattolica, as dificuldades enfrentadas para a realização do Sínodo, em seus meses prévios.
Resistências e conceitos errôneos
Segundo Hummes, o Sínodo “está gerando resistências e conceitos errôneos. Alguns se sentem ameaçados de alguma maneira, porque acreditam que seus projetos e ideologias não serão respeitados”.
“Acima de tudo, diria, aqueles projetos de colonização da Amazônia, animados até hoje por um espírito de dominação e roubo: ir para explorar, e depois sair com as malas cheias, deixando para trás a degradação e a pobreza dos moradores, que se encontram empobrecidos e com o território próprio devastado e poluído”, acrescentou o purpurado brasileiro, nomeado relator geral do Sínodo pelo Papa.
“A indústria, a agricultura e muitas outras formas de produção estão dizendo cada vez mais que sua atividade é ‘sustentável’. Mas, o que significa realmente ‘ser sustentável’? Significa que tudo o que extraímos do solo ou devolvemos ao solo como resíduo não deve impedir que a terra se regenere e permaneça fértil e saudável”, ponderou Hummes.
Devemos discernir como nos comportar
Nessa linha, o cardeal expôs que “é muito importante reconhecer estas resistências, tanto na Igreja como fora dela, por exemplo, nos governos, nas empresas e em todas as partes. Devemos discernir como nos comportar diante destas oposições, saber o que fazer”.
“Os interesses econômicos e o paradigma tecnocrático são adversos a qualquer tentativa de mudar e estão prontos para se impor à força, violando os direitos fundamentais das populações no território e as normas de sustentabilidade e proteção da Amazônia”, advertiu, frente ao encontro convocado para outubro.
“Contudo, nós não devemos nos render. Será necessário se indignar, não de forma violenta, mas, sim, de forma decisiva e profética”, convocou finalmente.
Fonte: Unisinos
A reportagem é de Hernán Reyes Alcaide, publicada por Religión Digital, 13-05-2019. A tradução é do Cepat.