Sínodo sobre a Família

Publicado em 06/10/2014 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


Sínodo: 2014, primeira etapa de um caminho de participação e escuta da comunidade dos fieis – o relator-geral Card. Peter Erdo

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Após uma retemperadora pausa para café os trabalhos do Sínodo sobre a família, nesta manhã de dia 6, foram retomados com a comunicação do relator-geral do Sínodo, Cardeal Peter Erdo. O purpurado, primaz da Hungria proferiu um longo discurso onde procurou descrever o panorama de início do sínodo. Dividiu a sua intervenção em três partes fundamentais:

 

1- O Evangelho da família no contexto da evangelização;

2- As situações pastorais difíceis

3- A família e o Evangelho da vida

 

Começando por sublinhar que a mensagem de Cristo não é cómoda, mas exigente porque “requer a conversão dos nossos corações”, o cardeal Erdo deixou claro que é “necessária a incessante compreensão e atualização do Evangelho da família que o Espírito sugere à Igreja. Mesmo as problemáticas familiares mais graves devem ser consideradas como um sinal dos tempos, a discernir à luz do Evangelho: a ser lido com os olhos e o coração de Cristo e o seu olhar em casa de Simão, o fariseu.”

Das palavras dedicadas pelo cardeal Peter Erdo ao primeiro tema da sua comunicação ao qual chamou de Evangelho da família no contexto da evangelização, é importante sublinhar o método do trabalho sinodal:

“Devemos, pois, recordar que a assembleia extraordinária de 2014 é a primeira etapa de um caminho eclesial que desaguará na assembleia ordinária de 2015. Daí deriva que a linguagem e as indicações devem ser tais que promovam o aprofundamento teológico mais nobre, para escutar com a máxima atenção a mensagem do Senhor, encorajando, ao mesmo tempo, a participação e a escuta da comunidade dos fieis. Por isso, é importante a oração por forma que o nosso trabalho dê os melhores frutos, aqueles que Deus quer.”

Esclarecendo, desta forma, a metodologia do trabalho proposto para as duas semanas de trabalho sinodal, o cardeal Erdo, de imediato se referiu à necessidade de clareza nos percursos formativos dos noivos nas comunidades. Declarando que existe incerteza nos jovens que aspiram ao sacramento do matrimónio afirmou que estes “requerem motivação para vencerem os seus legítimos medos” observando que o seu desejo é serem acolhidos por uma comunidade”.

A família é, assim, protagonista da evangelização e em particular o cardeal Erdo sublinhou a importância e a necessidade de que “a paróquia se faça próxima como uma família de famílias”. Tudo isto porque as famílias vivem dificuldades que se fazem sentir internamente e também pressionadas pelo ambiente externo:

“… as preocupações de tipo laboral e económico; visões diferentes da educação dos filhos (…) tempos reduzidos de diálogo e repouso. A estes juntam-se fatores desagregadores como sejam a separação ou o divórcio, com as consequências de realidades familiares alargadas ou vice-versa, monoparentais, em que as referências parentais confundem-se ou reduzem-se até a anularem-se.”

Tantas situações pastorais difíceis que, segundo o cardeal Erdo, são “uma verdadeira urgência pastoral” para a qual deve-se permitir a estas pessoas “tratar as feridas, de curar e de retomar o caminho juntamente com a comunidade eclesial”. Baseando a sua intervenção nos conceitos de Verdade e de Misericórdia, o cardeal-relator deste sínodo acentuou que existe a necessidade de uma atenção especial e um acompanhamento pastoral concreto do matrimónio e da família, sobretudo em situações de crise.

Entretanto, o cardeal Erdo não deixou de se referir à prática das Igrejas Ortodoxas neste particular, declarando que o Instrumento de Trabalho assinala que certas respostas sugerem que se examinem mais aprofundadamente estas práticas que preveem a possibilidade de segundas ou terceiras núpcias ligadas a um caráter penitencial.

A família vive num contexto relacional não sendo “um fragmento isolado”, sendo “necessário não a deixar sozinha mas acompanhar e apoiar o seu caminho” – declarou ainda o cardeal Erdo que concluiu a sua intervenção afirmando o grande desafio deste sínodo sobre a família:

“O desafio a acolher da parte do Sínodo é, precisamente, de conseguir propor novamente ao mundo de hoje, em certos aspetos tão parecido com aquele dos primeiros tempos da Igreja, o fascínio da mensagem cristã no que diz respeito ao matrimónio e à família, sublinhando a alegria que dão, mas, ao mesmo tempo, de dar respostas verdadeiras e impregnadas de caridade aos tantos problemas que especialmente hoje tocam a existência da família.”

O cardeal Erdo finalizou a sua comunicação propondo o método da proximidade para que o Sínodo possa ser semente de esperança:

“ Em concreto é-nos pedido, antes de mais, de nos colocarmos ao lado dos nossos irmãos e das nossas irmãs com o espírito do Bom Samaritano: ser atentos às suas vidas, ser, em particular, próximos daqueles que foram feridos pela vida e esperam uma palavra de esperança, que nós sabemos, só Cristo nos pode dar.” (RS)MP3

 

 

Exercer a sinodalidade: falar claro, com coragem evangélica e de coração aberto, escutando com humildade – o Papa aos padres sinodais


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Com uma intervenção introdutória, metodológica, prática, do Secretário do Sínodo dos Bispos, cardeal Baldisseri, teve início, nesta segunda-feira de manhã, no Vaticano, a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo, tendo como tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Esta primeira reunião (“congregação geral”, como é chamada) foi coordenada por um dos três presidentes, nomeados pelo Papa – o cardeal VIngt-Trois, arcebispo de Paris, que saudou os presentes.

Também o Papa tomou brevemente a palavra, agradecendo todos os que trabalharam intensamente para a realização desta Assembleia e sublinhando a dimensão de colegialidade e de sinodalidade que caracteriza esta assembleia. Exercer a “sinodalidade” na assembleia que agora inicia – recordou o Papa – é uma grande responsabilidade: é importante “falar claro”. Dizer tudo com “parresia” – coragem e frontalidade evangélica. Sem respeito humano, com coração aberto.

Na sua breve intervenção – exortativa e metodológica – o Papa Francisco começou por observar que os Padres sinodais são portadores da voz das Igrejas particulares, congregadas em Conferências Episcopais, fazendo notar desde logo uma distinção: “A Igreja universal e as Igrejas particulares são de instituição divina, as Igrejas locais entendidas como tais são de instituição humana.” Trata-se de um exercício de “sinodalidade”. 

É uma grande responsabilidade: trazer as realidades e as problemáticas das Igrejas, para as ajudar a caminhar naquela via que é o Evangelho da família. Uma condição geral de base é esta: falar claro. Ninguém diga: ‘Isto não se pode dizer, alguém pensará de mim isto ou aquilo…’ É preciso dizer com parresia (frontalidade) tudo o que se sente. 

O Papa observou que, de pois do último Consistório, de fevereiro passado, em que se falou da família, um Cardeal escreveu-me dizendo: é pena que alguns Cardeais não tenham tido a coragem de dizer algumas coisas, com receio que o Papa pensasse algo de diferente…

Isto não está certo, isto não é sinodalidade, porque há que dizer tudo aquilo que no Senhor cada um se sentir no dever de dizer: sem respeito humano, sem acanhamento. E ao mesmo tempo, há que escutar com humildade e acolher de coração aberto o que dizem os irmãos.

É com estas duas atitudes que se exerce a sinodalidade. Por isso, peço-vos, por favor, estas duas atitudes de irmãos no Senhor: falar com parresia – clareza e coragem evangélicas – e escutar com humildade. Fazei-o com muita tranquilidade e paz, porque o Sínodo decorre sempre cum Petro et sub Petro e a presença do Pai é garantia para todos e custódia da fé. Caros irmãos, colaboremos todos para que se afirme com clareza a dinâmica da sinodalidade.

Após uma pausa, a meio da manhã, seguiu-se o chamado “Relatório antes do Debate” – ampla apresentação global da temática desta Assembleia Sinodal, da parte do Relator Geral, o cardeal Peter Erdo, arcebispo de Budapeste.

Nos 20 minutos que se seguiram, até às 12.30, foi dada a palavra aos presentes, para breves comentários às intervenções da manhã.

Na Missa de abertura do Sínodo, o Papa Francisco invoca para os Padres sinodais “liberdade, criatividade, diligência”


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Com a Missa concelebrada neste domingo de manhã, na basílica de São Pedro, pelo Papa Francisco, com os Padres sinodais, foi inaugurada a III Assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, que decorrerá no Vaticano ao longo de duas semanas, tendo como tema “Os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização”.

Na homilia, comentando as Leituras deste domingo, Papa Francisco observou que a vinha do Senhor é o “sonho” de Deus, o projecto que Ele cultiva com todo o seu amor, como um agricultar cuida da videira, com todos os cuidados…

O «sonho» de Deus é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.

E contudo, tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado. Isaías diz que a vinha, tão amada e cuidada, «produziu agraços”. E no Evangelho, são os agricultores que arruínam o projecto do Senhor: não trabalham para o Senhor, mas só pensam nos seus interesses.

Jesus dirige-se aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, isto é, aos «sábios», à classe dirigente. Foi a eles, de modo particular, que Deus confiou o seu «sonho», isto é, o seu povo, para que o cultivem, cuidem dele e o guardem dos animais selvagens. Esta é a tarefa dos líderes do povo: cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.

Mas Jesus diz que aqueles agricultores se apoderaram da vinha; pela sua ganância e soberba, querem fazer dela aquilo que lhes apetece e, assim, tiram a Deus a possibilidade de realizar o seu sonho a respeito do povo que Ele escolheu.

A tentação da ganância está sempre presente – advertiu o Papa. Ganância de dinheiro e de poder. E, para saciar esta ganância, os maus pastores carregam sobre os ombros do povo pesos insuportáveis, que eles próprios não põem nem um dedo para os deslocar.

Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos. As assembleias sinodais não servem para discutir ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projecto de amor a respeito do seu povo.

No caso desta assembleia sinodal – recordou o Papa – o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade. Contudo, a nós também nos pode vir a tentação de «nos apoderarmos» da vinha, por causa da ganância que nunca falta em nós, seres humanos.

O sonho de Deus sempre se embate com a hipocrisia de alguns dos seus servidores. Podemos «frustrar» o sonho de Deus, se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo. O Espírito dá-nos a sabedoria, que supera a ciência, para trabalharmos generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade.

Para cultivar e guardar bem a vinha – sublinhou Papa Francisco, a concluir a homilia, dirigindo-se aos “Irmãos sinodais” – é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela «paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência», como diz São Paulo (Flp 4, 7). Assim, os nossos pensamentos e os nossos projectos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus.

A primeira intenção da Oração dos Fiéis, em chinês, invocou de Deus, para os Padres Sinodais o dom da paz: “Que a paz de Deus, que vai para além de toda a inteligência, conserve os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus, Caminho, Verdade e Vida”.

Em português, rezou-se pelos povos em guerra…

Em swahili, língua africana, rezou-se por todas as famílias – Para que a consolação do Espírito Santo as apoie nas dificuldades da vida quotidiana e as ajude as não se angustiarem em nenhum caso.

 

Eis o texto integral da homilia pronunciada pelo Papa:

 

Nas leituras de hoje, é usada a imagem da vinha do Senhor tanto pelo profeta Isaías como pelo Evangelho. A vinha do Senhor é o seu «sonho», o projecto que Ele cultiva com todo o seu amor, como um agricultor cuida do seu vinhedo. A videira é uma planta que requer muitos cuidados!

O «sonho» de Deus é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.

Mas, tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado. Isaías diz que a vinha, tão amada e cuidada, «produziu agraços» (5, 2.4), enquanto Deus «esperava a justiça, e eis que só há injustiça; esperava a rectidão, e eis que só há lamentações» (5, 7). Por sua vez, no Evangelho, são os agricultores que arruínam o projecto do Senhor: não trabalham para o Senhor, mas só pensam nos seus interesses.

Através da sua parábola, Jesus dirige-se aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, isto é, aos «sábios», à classe dirigente. Foi a eles, de modo particular, que Deus confiou o seu «sonho», isto é, o seu povo, para que o cultivem, cuidem dele e o guardem dos animais selvagens. Esta é a tarefa dos líderes do povo: cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.

Mas Jesus diz que aqueles agricultores se apoderaram da vinha; pela sua ganância e soberba, querem fazer dela aquilo que lhes apetece e, assim, tiram a Deus a possibilidade de realizar o seu sonho a respeito do povo que Ele escolheu.

A tentação da ganância está sempre presente. Encontramo-la também na grande profecia de Ezequiel sobre os pastores (cf. cap. 34), comentada por Santo Agostinho num famoso Discurso que lemos, ainda nestes dias, na Liturgia das Horas. Ganância de dinheiro e de poder. E, para saciar esta ganância, os maus pastores carregam sobre os ombros do povo pesos insuportáveis, que eles próprios não põem nem um dedo para os deslocar (cf. Mt 23, 4).

Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos. As assembleias sinodais não servem para discutir ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projecto de amor a respeito do seu povo. Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade.

A nós também nos pode vir a tentação de «nos apoderarmos» da vinha, por causa da ganância que nunca falta em nós, seres humanos. O sonho de Deus sempre se embate com a hipocrisia de alguns dos seus servidores. Podemos «frustrar» o sonho de Deus, se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo. O Espírito dá-nos a sabedoria, que supera a ciência, para trabalharmos generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade.

Irmãos, para cultivar e guardar bem a vinha, é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela «paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência», como diz São Paulo (Flp 4, 7). Assim, os nossos pensamentos e os nossos projectos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus (cf. Mt 21, 43). MP3

 

 

 

Possa o Vento do Pentecostes soprar sobre os trabalhos sinodais, a Igreja e a humanidade inteira – a invocação do Papa


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O Papa Francisco participou na tarde de sábado dia 4 numa vigília de oração pelo sínodo da família que tem início neste domingo, dia 5. A vigília que teve lugar na Praça de S. Pedro foi promovida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), com o tema “Acende uma luz na família”. Foram apresentados testemunhos de família: três casais italianos em diferentes fases da vida: o noivado, a prole e a reconciliação depois de seis anos de separação. No final desta vigília o Papa Francisco dirigiu-se aos largos milhares de fieis que aguardavam as suas palavras. E começou por caracterizar a profunda comunhão de vida que existe numa família:

“A comunhão de vida assumida pelos esposos, a sua abertura ao dom da vida, a atenção recíproca, o encontro e a memória das gerações, o acompanhamento educativo, a transmissão da fé cristã aos filhos… com tudo isto a família continua a ser escola incomparável de humanidade, contributo indispensável para uma sociedade justa e solidária.”

A família é uma escola que encontra no Evangelho a força e a ternura para enfrentar os momentos de infelicidade e de violência – observou o Santo Padre que declarou ser no Evangelho que está a salvação:

“ No Evangelho está a salvação que preenche os desejos mais profundos do homem! Desta salvação – obra da misericórdia de Deus e Sua graça – como Igreja somos sinal e instrumento, sacramento vivo e eficaz.”

Rezando pelos Padres Sinodais o Papa Francisco exortou todos a pedirem ao Espírito Santo o dom da escuta da vontade de Deus e do grito do povo; o dom do confronto sincero, aberto e fraterno que nos leve – continuou o Papa – a assumir com responsabilidade pastoral as interrogações que esta mudança de época nos traz. O Santo Padre invocou também o dom do olhar em Jesus Cristo:

“ Porque se, verdadeiramente, queremos verificar o nosso passo no terreno dos desafios contemporâneos, a condição decisiva é manter fixo o olhar em Jesus Cristo, parar na contemplação e na adoração do seu rosto. Se assumirmos o seu modo de pensar, de viver e de relacionar-se, não será difícil traduzir o trabalho sinodal em indicações e percursos para a pastoral da pessoa e da família.”

Neste dia 4 de outubro, Festa de S. Francisco de Assis, o Papa Francisco – percorrendo a passagem das Bodas de Canã lida durante a vigília – afirmou ainda que quando voltamos à fonte da experiência cristã abrem-se caminhos novos e possibilidades impensáveis através da indicação evangélica de Maria: ‘Fazei tudo o que Ele vos disser’. Assim, será possível renovar a Igreja e a sociedade através da escuta e do confronto:

“ A nossa escuta e o nosso confronto sobre a família, amada com o olhar de Cristo, tornar-se-ão numa ocasião providencial para renovar – sob o exemplo de S. Francisco – a Igreja e a sociedade. Com a alegria do Evangelho reencontraremos o passo de uma Igreja reconciliada e misericordiosa, pobre e amiga dos pobres; uma Igreja capaz de vencer com paciência e amor as aflições e as dificuldades que lhe vêm quer seja de dentro quer seja de fora.”

No final o Papa Francisco desejou que o “vento do Pentecostes” sopre nos trabalhos sinodais, na Igreja e sobre a humanidade. (RS)

 

Sínodo: Papa espera inteligência, coragem e amor – texto proposto pela Agência Ecclesia



O Papa Francisco é o primeiro a convocar uma assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos desde 1985 e espera que a terceira reunião deste género promova uma “pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor” por todas as famílias.

A temática escolhida para esta reunião magna de representantes dos episcopados católicos, com novo encontro marcado para 2015, foi abordada pelo Papa em várias ocasiões nos últimos meses, com destaque para o consistório extraordinário que reuniu cerca de 185 cardeais no Vaticano, entre 20 e 21 de fevereiro deste ano.

Francisco sublinhou que a família é “a célula fundamental da sociedade humana”, convidando os participantes nesta reunião a ter “sempre presente a beleza da família e do matrimónio”, evitando a “casuística”.

Na viagem de regresso da Terra Santa, em maio, o Papa disse que o Sínodo “será sobre o problema da família, sobre as riquezas da família, sobre a situação atual da família” e não apenas sobre a questão pastoral dos divórcios ou as nulidades matrimoniais.

“Não gostei do que tantas pessoas – mesmo de Igreja, padres – disseram: ‘Ah, o Sínodo para dar a Comunhão aos divorciados’”, confessou.

O Papa recorreu ao ensinamento de Bento XVI para sublinhar a importância de “estudar os procedimentos de nulidade matrimonial; estudar a fé com que uma pessoa vai para o matrimónio; e deixar claro que os divorciados não estão excomungados”.

Em julho de 2013, na viagem de regresso do Brasil, Francisco justificou a escolha do tema da família e da necessidade de aprofundar a “pastoral do matrimónio”, realçando que muitas pessoas se casam “sem maturidade”.

Dois meses depois, o Papa encontrou-se com o clero da Diocese de Roma e sustentou que o debate não pode ser reduzido à questão de saber se os divorciados em segunda união podem ou não comungar, “porque quem põe o problema apenas nesses termos não entende qual é o verdadeiro problema”.

A 28 de fevereiro, numa homilia pronunciada na capela da Casa de Santa Marta, o Papa Francisco destacou hoje a importância de “acompanhar” e “não condenar” os casais separados ou divorciados.

O Papa deixou muitas mensagens de valorização da família e do casamento, como aconteceu no último dia 14 de setembro, quando presidiu à celebração do matrimónio de 20 casais da Diocese de Roma, na Basílica de São Pedro, a quem pediu a coragem de resistir à “tentação de voltar para trás”.

A 2 de abril, Francisco encerrou o ciclo de catequeses sobre os sacramentos, nas audiências gerais, com uma reflexão dedicada ao Matrimónio: “Quando um homem e uma mulher celebram o Sacramento do Matrimónio, Deus espelha-se neles, por assim dizer, imprime neles as próprias orientações e o caráter indelével do seu amor”.

A audiência voltou a contar com uma alusão de Francisco às “palavras mágicas” para superar as “dificuldades” da vida matrimonial: ‘Com licença, obrigado, desculpa’.

No encontro com as famílias, em outubro de 2013, Francisco disse que o Matrimónio é “partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida”.

A exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho) sublinha que “a família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais”.

“No caso da família, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade, porque se trata da célula básica da sociedade”, alerta o Papa. (OC-Ecclesia)

Fonte: Rádio Vaticano



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