“Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais”
Liturgia da Missa – Reflexão sobre a Mesa da Palavra
Ano A – Terceiro domingo do Advento
João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, para lhe perguntarem: ‘És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?’ Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!’ Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões, sobre João: ‘O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. Mt 11,2-11
Numa cidade grande morava um casal preocupado somente com os sinais da bolsa de valores e do mundo econômico e financeiro. O objetivo que traçaram para a vida era o de ganhar muito dinheiro. Não tinham olhos para mais nada e assim, tão focados em seus negócios, foram incapazes de sentir os sinais de Deus caminhando com eles. Ricos, e depois de tudo experimentarem, concluíram que a vida continuava pobre. Nenhum sabor ela era capaz de lhes proporcionar.
“Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais”*. A bela música do cancioneiro popular representa muito bem a Mesa da Palavra desse terceiro domingo do Advento. O Natal vem chegando e as leituras falam-nos hoje desses sinais aos quais devemos prestar atenção. Deus está chegando, precisamos escutar os seus sinais. A sua chegada é motivo de alegria e nos provoca moções. Faz-nos em movimento rumo à evangelização da realidade na qual vivemos. A verdade é que há muita gente só se preocupando com sinais que não trazem a felicidade.
Na primeira leitura de Isaías temos um belo poema para animar o povo exilado, que sofria a escravidão na Babilônia. Não fiquem desanimados. Eu já vejo os sinais de que as coisas logo iriam melhorar. Por isto, “exulte a solidão e floresça como um lírio”, pois que a “libertação está próxima e os que o Senhor salvou voltarão para as suas casas”.
Tiago, na segunda leitura, também nos fala de sinais. Usa imagens que para nós, cidadãos urbanos, podem não funcionar tão claramente, eis que costumamos ver a chuva muito mais como incômodo. As figuras tiradas da lavoura mostram-nos o agricultor que permanece firme até que venha a chuva, tão ansiada, que fará com que a semente germine e dê frutos. O agricultor que espera e se alegra com a chuva somos nós, que aguardamos e nos alegramos com a vinda do Senhor.
No Evangelho vemos João Batista na prisão pedindo aos discípulos que fossem indagar de Jesus se era Ele mesmo o Messias, ou se deviam esperar por outro. E Jesus resgata o lindo canto de Isaías para confirmar, a partir dos sinais que seus discípulos presenciavam, que havia chegado a plenitude dos tempos.
É fato que costumamos andar pela vida como que adormecidos. Ou então só temos olhos e sentidos para aquilo que nos atrai, como no caso do casal da história. Caso nos perguntem o que comemos ou fizemos ontem, pode bem ser que teremos que pensar um tempo antes de responder. Esse caminhar desatento faz com que não percebamos os sinais de Deus chegando e passando por nós e em nós.
Para perceber os sinais não é suficiente estar com os sentidos aguçados. É necessário ter a prontidão do espírito para, mais do que sentir os sinais, ser por eles transfigurados. O significado da vinda do Messias é que o mundo se fará novo e que cada um de nós, após ter sido transformado irá também modificar, com os critérios do Reino, a realidade à sua volta.
Para refletir durante a semana:
– Que sinais da vinda do Senhor, além daqueles do comércio e das festas natalinas, eu escuto?
– Em que necessito estar mais atento?
– Como segue a minha preparação para um Natal diferente?