Um documento a redescobrir: convite maternal à oração (Parte 1)
Meditação sobre a carta apostólica Rosarium Virginis Mariae
Padre Mario Piatti, ICMS, editor da revista Maria de Fátima
Neste mês de outubro, recordamos o décimo aniversário da carta apostólica Rosarium Virginis Mariae e a proclamação do Ano do Rosário (outubro de 2002 a outubro de 2003), com que João Paulo II “relançou” e promoveu esta prática piedosa surgida gradualmente durante o segundo milênio, ao sopro do Espírito de Deus, em toda a Igreja.
Na longa introdução do documento, o papa menciona a simplicidade e a profundidade desta oração, sua predileta desde a juventude, como instrumento eficaz para o crescimento pessoal e eclesial, sempre cultivada pelos santos e, em várias ocasiões, favorecida pelo magistério.
Embora caracterizada pelo caráter mariano, o terço é uma oração que nasce do coração cristológico. Na sobriedade dos seus elementos, ela concentra toda a profundidade da mensagem do evangelho, do qual é um compêndio (RVM 1). A desconfiança manifestada às vezes contra essa devoção não tem qualquer justificação válida: pelo contrário, geralmente nasce da ignorância da sua articulada estrutura espiritual, da sua riqueza evangélica e da sua carga “carismática” inegável. Oração do coração, que ecoa a oração de Maria, o seu perene magnificat, ela tem a capacidade de comover e mover o afeto à meditação e à contemplação das “coisas de Deus”, através do Coração de Maria, introduzindo-nos na escola de Maria e na verdadeira contemplação da beleza do rosto de Cristo.
A encíclica Supremi Apostolatus Officio, de Leão XIII, abriu em 1883 uma temporada feliz de pronunciamentos oficiais, através dos quais os papas testemunharam gradualmente a sua estima pelo rosário e pediram a sua divulgação e prática fervorosa. “Eu mesmo”, contava João Paulo II, “sempre incentivei a recitação frequente do rosário. Desde a minha juventude, esta oração teve um lugar importante na minha vida espiritual… O rosário me acompanhou nos momentos de alegria e de provação. A ele eu confiei tantas preocupações, nele encontrei sempre conforto” (RVM 2).
Vários anos antes, em 1978, apenas duas semanas depois da sua eleição, ele tinha afirmado: “O rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade. […] Pode-se dizer que o rosário é, em certo sentido, uma oração-comentário do último capítulo da constituição Lumen Gentium, do concílio Vaticano II, capítulo que trata da admirável presença da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja” (ibidem).
(Trad.ZENIT)