Visita do Papa Francisco à Coreia

Publicado em 18/08/2014 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


O perdão é a porta que leva à reconciliação: Papa na Missa conclusiva da viagem, na catedral de Seul. Chegada a Roma, esta tarde

 

Dia 18/08/2014


“Tende confiança na força da cruz de Cristo. Acolhei a sua graça reconciliadora e partilhai-a com os outros.” – esta mensagem tweet hoje mesmo distribuída pelo Papa resume de certo modo a mensagem que ele quis deixar aos fiéis coreanos, no final da sua visita de cinco dias. Partindo de Seul às 13 horas locais (eram 6 da manhã em Roma), o avião das Linhas Aéreas Coreanas em que viaja o Papa deverá chegar ao aeroporto romano de Ciampino perto das 18 de Roma, após um voo de quase 12 horas.

A viagem concluiu-se com a “Missa pela paz e pela reconciliação na Coreia”, celebrada esta manhã na catedral de Seul, na presença da Presidente coreana, Park Geun-hye. Como disse o próprio Papa na homilia, tratou-se de “uma oração pela reconciliação nesta família coreana”.

Partindo da primeira leitura, que referia a promessa feita por Deus, no Antigo Testamento, de restar a unidade e prosperidade do povo disperso pela desgraça e pela divisão, o Papa sublinhou a esperança de saber que há “um futuro que Deus está desde já a preparar para nós”. Uma promessa contudo ligada ao mandamento de retornar a Deus e de obedecer à sua Lei.

Escutando esta promessa, no contexto da experiência histórica do povo coreano, uma experiência de divisão e conflito que dura desde há mais de 60 anos, Papa Francisco insistiu no convite que Deus faz aos seguidores de Cristo para verificarem “a qualidade da sua contribuição para a construção de uma sociedade justa e humana”.

(Deus) Chama cada um de vós a reflectir sobre o testemunho que dá, como indivíduo e como comunidade, de compromisso evangélico com os desfavorecidos, os marginalizados, com aqueles que não têm emprego ou estão excluídos da prosperidade que muitos usufruem. Chama-vos, como cristãos e como coreanos, a repelir com firmeza uma mentalidade fundada sobre a suspeita, a confrontação e a competição, optando antes por favorecer uma cultura plasmada pelo ensinamento do Evangelho e pelos mais nobres valores tradicionais do povo coreano.

 

Recordando a oração do Pai nosso, em que pedimos diariamente o perdão dos nossos pecados, “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, o Papa observou que “Jesus pede-nos para acreditarmos que o perdão que leva à reconciliação”.

Será o próprio Senhor a dar-nos esta graça, como fruto da “força infinita da Cruz de Cristo”. É a Cruz de Cristo – sublinhou – que revela o poder que Deus tem de superar toda a divisão, curar todas as feridas, restaurar os vínculos de amor fraterno”. É esta a mensagem que o Papa deixa aos cristãos coreanos: 

tende confiança na força da cruz de Cristo; acolhei nos vossos corações a sua graça reconciliadora e partilhai-a com os outros. Peço-vos que deis um testemunho convincente da mensagem reconciliadora de Cristo nas vossas casas, nas vossas comunidade e em todas as esferas da vida nacional.

 

(Texto completo da homilia na Secção “Mensagens, homilias, documentos”)

 

 

 

 

Papa presidiu Missa conclusiva da JMJ asiática encorajando jovens a transformar o otimismo natural em esperança cristã

 

Dia 17/08/2014



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Papa Francisco presidiu neste domingo, na Coreia, à Missa conclusiva da VI JMJ asiática, na localidade de Haemi, uns 100 Km a SW de Seul.

Ao necessário ambiente de recolhimento se alia, especialmente nos cânticos, o entusiasmo juvenil. Para além do latim dos textos litúrgicos e do inglês da homilia do Papa, uma leitura foi proclamada em filipino, outra numa língua da Malásia e o Evangelho em coreano.

Na homilia, em inglês, o Papa Francisco comentou o lema desta Jornada da Juventude Asiática: “Juventude da Ásia, levanta-te”, que – sublinhou – “fala de um dever, de uma responsabilidade”.

Como jovens que não apenas vivem na Ásia, mas são filhos e filhas deste grande Continente, tendes o direito e o dever de tomar parte plena na vida das vossas sociedades. Não tenhais medo de levar a sabedoria da fé a todos os campos da vida social!

O tema desta JMJ asiática – prosseguiu o Papa – contém a palavra “juventude”, que evoca o optimismo, a energia e boa vontade que caracterizam naturalmente os jovens. Mas há um caminho a empreender para se chegar a um amor genuíno que sabe sacrificar-se – advertiu.

Deixai que Cristo transforme o vosso natural optimismo em esperança cristã, a vossa energia em virtude moral, a vossa boa vontade em amor genuíno que sabe sacrificar-se! Este é o caminho que sois chamados a empreender. Este é o caminho para vencer tudo o que ameaça a esperança, a virtude e o amor na vossa vidas e na vossa cultura. Assim a vossa juventude será um presente para Jesus e para o mundo.

Como jovens cristãos – qualquer que seja a vossa condição de vida – “vós não constituís parte apenas do futuro da Igreja”:

Vós sois uma parte necessária e amada também do presente da Igreja! Vós sois a presença da Igreja! (aplausos) Permanecei unidos uns aos outros, aproximai-vos cada vez mais de Deus, e, juntamente com os vossos Bispos e sacerdotes, gastai estes anos na edificação duma Igreja mais santa, mais missionária e humilde, uma Igreja que ama e adora a Deus, procurando servir os pobres, os abandonados, os doentes e os marginalizados.

 

(Texto integral da homilia na Secção “Mensagens, homilias, documentos”)

 

 

Recebeu o nome de Francisco o coreano batizado pelo Papa, domingo de manhã

 

Dia 17/08/2014

 



Segundo informou, a partir da Coreia, Padre Federico Lombardi, neste domingo, às 7 horas da manhã, na Capela da Nunciatura apostólica de Seul, onde pernoita durante este viagem à Coreia, o Papa Francisco procedeu ao baptismo de um adulto coreano, Lee Ho Jin, pai de um dos jovens mortos no naufrágio do ferry-boat Sewol, que há dias, num encontro do Santo Padre com alguns sobreviventes daquela tragédia e familiares das vítimas, lhe tinha pedido este sacramento.

 

O batizando encontrava-se acompanhado por um filho e uma filha e pelo sacerdote que o tinha apresentado ao Papa. O padrinho foi um leigo que faz parte do pessoal da Nunciatura de Seul. A celebração decorreu em forma simples, dirigida em coreano pelo padre John Chong Che-chon, jesuíta, que acompanha permanente o Santo Padre nesta viagem, como intérprete da língua coreana. Papa Francisco interveio pessoalmente no momento do Batismo propriamente dito, com a infusão da água e a unção com o Santo Crisma.

 

Ao baptizado foi dado o nome de Francisco. Para o Papa foi uma grande alegria ter podido assim participar – de um modo não inicialmente previsto – no grande ministério da administração do baptismo de adultos na Igreja da Coreia.

 

 

 

Aos Bispos asiáticos, Papa Francisco recorda a missão da Igreja naquele continente – Importante intervenção do Cardeal Gracias

 

Dia 17/08/2014


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A manhã deste domingo, 17, para o Papa Francisco, passou-se sobretudo no no Santuário de Haemi, lugar que recorda os cristãos mortos nas sangrentas perseguições do séc. XIX, onde o Papa se encontrou antes de tudo com os Bispos provenientes de toda a Ásia.

O Card. Osvald Gracias, arcebispo de Mumbay e presidente da Conferência dos Bispos da Ásia pronunciou a sua saudação ao Papa.

O Cardeal Gracias recordou antes de tudo o primeiro encontro asiático com o Papa Paulo VI nas Filipinas, em 1970, e a sucessiva decisão dos bispos da Ásia, para formar uma Conferência episcopal continentais (FABC), como estrutura de confronto constante; mas também semelhante às outras estruturas supranacionais e continentais, como o CELAM, SECAM, ECCE. De modo sintético o Presidente da FABC, descreveu o desenvolvimento da Conferência, das suas respectivas comissões e atividades. A FABC assiste continuamente as Igrejas na Ásia através dos seus Secretariados, com programas de formação e animação pastoral para os bispos, os especialistas e todos os envolvidos no sector. Sem violar a autonomia das Conferências Episcopais individuais, a FABC exerce com delicadeza a sua influência sobre a Igreja na Ásia. Esta era exatamente a visão dos seus pais fundadores.

Nesta saudação ao Papa, o Cardeal Gracias inseriu também uma reflexão sobre a natureza missionária da Igreja universal no contexto asiático. 60 por cento da população mundial vive na Ásia. É um continente onde a maioria da população é jovem. Como resultado, em muitos aspectos, a Ásia é realmente fundamental para o futuro do mundo e o futuro da Igreja.

As Igrejas na Ásia identificaram três áreas de desenvolvimento, porque são três os principais desafios que estamos a enfrentar: um diálogo com as culturas, um diálogo com os pobres, e um diálogo com as religiões. O que nos diz o Evangelho em relação a estes três grandes realidades, que estão, todos os três, diante de três ameaças: as culturas parecem perder a sua vitalidade interior; os pobres arriscam não ser incluídos nos processos de crescimento, mas de serem pelo contrário excluídos deles; e alguns grupos religiosos começam a ver no fundamentalismo o seu seu único meio de sobrevivência.

 

Neste contexto, o episcopado asiático vê cinco grandes desafios para a Igreja na Ásia:

– O secularismo e o materialismo estão se a tornar cada vez mais prevalentes na sociedade asiática. A população asiática é por natureza religiosa. Ora, alguns estão a descobrir que Deus foi empurrado do centro da vida das pessoas para as suas margens.

– A família, que já foi considerada tão importante para toda a sociedade asiática e tão enraizada nela, agora está a ser lentamente corroída. Verificam-se ataques à santidade da vida matrimonial. O divórcio, que antes era considerado um tabu, agora não é assim tão raro.

– Os movimentos contra a vida estão a crescer, ameaçando a própria vida de várias maneiras: conflitos étnicos, desordens entre comunidades, violenta supressão de diversas convicções religiosas; uma trágica ameaça da vida de pessoas indefesas, como os não-nascidos. E mesmo a eutanásia começou a ter apoiantes.

– A alma asiática procura e encontra alegria na comunidade. Mas até mesmo este aspecto é afetado por um forte senso de individualismo rastejante, a falta de atenção para com o outro e a indiferença às suas necessidades, a perda do espírito de hospitalidade e abertura que era tradicionalmente inerente a todas as sociedades asiáticas .

– Estamos a perder o espírito da harmonia inter-religiosa e, recentemente, temos assistido a um número crescente de ataques à religião. Nalguns países, a perseguição aos cristãos está a aumentar. A oposição a eles vem de uma religião predominante, e por vezes por ideologias que querem impor a autoridade política sobre os grupos religiosos.

No seu discurso, o Papa Francisco centrou-se no papel da Igreja no vasto continente da Ásia, onde habita uma grande variedade de culturas. A Igreja é chamada a dar um testemunho do Evangelho, através do diálogo e a abertura para com todos. O ponto de partida e o ponto de referência fundamental é a nossa própria identidade, a nossa identidade de cristãos. Não podemos empenhar-nos num verdadeiro diálogo, se não somos conscientes da nossa identidade. Se queremos comunicar de maneira livre, aberta e frutuosa com os outros, devemos ser bem claros sobre aquilo que somos, o que Deus fez por nós e o que Ele requer de nós. E se a nossa comunicação não quer ser um monólogo, deve haver abertura de mente e coração para aceitar indivíduos e culturas.

E a propósito do testemunho e do diálogo o Papa centrou-se em três dificuldades que se devem prever e evitar de forma madura:

O primeiro é o relativismo que nos empurra em direção às areias movediças da confusão e do desespero. É uma tentação que no mundo de hoje também afeta a comunidade cristã, advertiu o Papa, esclarecendo que não se trata apenas de relativismo entendido como um sistema de pensamento, mas daquele relativismo prático quotidiano que, de maneira quase imperceptível, enfraquece qualquer identidade.

A segunda maneira em que o mundo ameaça a solidez da nossa identidade cristã é a superficialidade: as coisas da moda, da evasão e fuga. Um sério problema pastoral, disse o Papa. Para os ministros da Igreja, esta superficialidade pode se manifestar também em ser fascinado pelos programas pastorais e pelas teorias, em detrimento do encontro direto e frutuoso com os fiéis, especialmente os jovens, que pelo contrário precisam de uma catequese sólida e uma segura guia espiritual. Sem estar enraizados em Cristo, as verdades para as quais vivemos acabam por se inclinar, a prática da virtude se torna formalística e o diálogo é reduzida a uma forma de negociação ou ao acordo no que se deve discordar.

A terceira tentação é a aparente segurança de se esconder atrás de respostas fáceis, frases feitas, leis e regulamentos.

Finalmente, concluiu o Papa, juntamente com um claro sentido da sua própria identidade de cristãos, o diálogo autêntico exige também uma capacidade de empatia. Não nos limitamos a ouvir as palavras que os outros pronunciam, mas de compreender a comunicação não dita das suas experiências, esperanças e aspirações, das suas dificuldades e daquilo que mais lhes está no coração. Esta empatia deve ser o fruto do nosso olhar espiritual e da experiência pessoal, que nos leva a ver os outros como irmãos e irmãs, a “ouvir”, através e para além das suas palavras e ações, o que os seus corações desejam comunicar.

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Papa encontra líderes do apostolado laical, visita Lar de deficientes e encontra religiosas

 

Dia 16/08/2014


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No seu discurso aos líderes do apostolado dos leigos o Papa sublinhou que a Igreja na Coreia é herdeira da fé de gerações de leigos que perseveraram no amor de Jesus Cristo e na comunhão com a Igreja, apesar da escassez de sacerdotes e a ameaça de graves perseguições. E o Papa continuou reiterando que hoje, como sempre, a Igreja precisa de um testemunho credível dos leigos à verdade salvífica do Evangelho, à sua fecundidade na edificação da família humana na unidade, justiça e paz.

O Papa Francisco sublinhou que existe uma única missão da Igreja de Deus, e que cada cristão baptizado tem um papel fundamental nesta missão. Os dons de leigos, homens e mulheres, são múltiplos e o seu apostolado é diversificado, tudo se destina à promoção da missão da Igreja, assegurando que a ordem temporal seja permeada e aperfeiçoada pelo Espírito de Cristo e ordenada à vinda do seu Reino. E o Papa reconheceu de modo particular a obra das muitas associações directamente envolvidas no sair ao encontro dos pobres e necessitados, nas periferias da sociedade. O Papa observou a este propósito que dar assistência aos pobres é coisa boa e necessária, mas não é suficiente. E pediu para se multiplicarem os esforços no âmbito da promoção humana para que cada homem e mulher possa conhecer a alegria que deriva da dignidade de ganhar o pão quotidiano, sustentando assim as próprias famílias.

Por último o Papa reconheceu a preciosa contribuição dada pelas mulheres católicas coreanas à vida e à missão da Igreja, como mães de família, catequistas e professoras e em muitos outros modos. E sublinhou a importância do testemunho dado pelas famílias cristãs. Numa época de crise da vida familiar, as nossas comunidades cristãs são chamadas a apoiar os casais e as famílias a realizarem a sua missão na vida da Igreja e da sociedade. A família permanece a unidade básica da sociedade e a primeira escola na qual as crianças aprendem os valores humanos, espirituais e morais que as tornam capazes de ser faróis de bondade, integridade e justiça nas nossas comunidades.

Entretanto o Papa havia tido antes um inenso, comovente, encontro com pessoas com deficiências em Khottongnae, a que se seguiu outro com as comunidades religiosas na Coreia.

No seu discurso às religiosas o Papa sublinhou que a grande variedade de carismas e de atividades apostólicas enriquece a vida da Igreja na Coreia. A firme certeza de ser amados por Deus é o centro da vocação – disse o Papa – e que só se o testemunho for alegre poder atrair homens e mulheres a Cristo. Tal alegria, insistiu o Papa Francisco, é um dom que se nutre de uma vida de oração, de meditação da palavra de Deus da celebraço dos sacramentos e da vida comunitária. E reiterou que, quer o carisma do Instituto seja orientado mais à vida contemplativa quer se oriente à vida ativa, o grande desafio de todos é aquela de se tornarem ‘especialistas’ na divina misericórdia precisamente através da vida em comunidade. E não existem atalhos: Deus deseja os nossos corações completamente, e isto significa que devemos ‘destacar-nos’ e ‘sair de nós mesmos’ cada vez mais – concluiu o Papa.

 

 

 

Muita alegria e entusiamo no encontro do Papa com os jovens asiáticos

 

Dia 15/08/2014


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Ambiente de festa e de muita alegria no encontro do Papa com os jovens participantes na VI Jornada da Juventude Asiática, numa grande tenda predisposta junto Santuário dos mártires coreanos, em Solmoé, a uns 15 Km de Daejon. O encontro teve lugar neste dia 15 de tarde (manhã na Europa).

O Papa Francisco assistiu inicialmente a um momento de festa e reflexão que incluiu, sucessivamente, uma exibição artística por jovens indonésios, uma intervenção do bispo de Daejon, testemunhos e perguntas formuladas por alguns jovens, e um breve espectáculo “musical” sobre a parábola do Pai misericordioso.

O Santo Padre interveio na segunda parte do encontro, lendo em inglês a alocução que estava preparada, mas improvisando a partir de certa altura diferentes observações (em italiano, com tradução sucessiva em coreano). Eis um breve resumo da parte da intervençáo escrita lida pelo Papa.

Papa Francisco deteve-se inicialmente a reflectir sobre uma parte do tema destas Jornadas: «A glória dos Mártires resplandece sobre vós». “Tal como o Senhor fez resplandecer a sua glória no testemunho heróico dos mártires, do mesmo modo deseja que a sua glória resplandeça na vossa vida e, por vosso intermédio, deseja iluminar a vida deste grande Continente” – disse o Papa.

Hoje Cristo bate à porta do vosso coração; convida a levantar-vos, a permanecer bem despertos e atentos, a ver as coisas que verdadeiramente contam na vida. Mais ainda! Pede-vos para irdes pelas estradas e caminhos deste mundo e baterdes à porta do coração dos outros, convidando-os a recebê-Lo na sua vida.

O Papa insistiu naquele que é projecto de Deus: a “construção de um mundo onde todos vivam juntos em paz e amizade, superando as barreiras, recompondo as divisões, rejeitando a violência e os preconceitos.”

Isto é justamente o que Deus quer de nós. A Igreja é germe de unidade para a família humana inteira. Em Cristo, todas as nações e povos são chamados a uma unidade que não destrói a diversidade, mas a reconhece, harmoniza e enriquece.

O Papa reconheceu que “muitas vezes nos parece que as sementes de bem e de esperança que procuramos semear acabam sufocadas pelos cardos do egoísmo, da inimizade e da injustiça; e não só ao redor de nós, mas também nos nossos corações. Preocupa-nos o desnível crescente entre ricos e pobres nas nossas sociedades. Vemos sinais de idolatria da riqueza, do poder e do prazer, que se obtêm com custos altíssimos para a vida humana. Ao nosso lado, muitos dos nossos amigos e coetâneos, embora rodeados de grande prosperidade material, sofrem de pobreza espiritual, solidão e silencioso desespero. Parece quase que Deus fora removido deste horizonte” – reconheceu o Papa. Mas é precisamente aqui que os jovens asiáticos estão chamados a intervir, com fé e esperança:

É como se um deserto espiritual se estivesse propagando em todo o mundo. Este deserto atinge também os jovens, roubando-lhes a esperança e, em demasiados casos, até a própria vida. E, no entanto, este é o mundo aonde estais chamados a ir testemunhar o Evangelho da esperança, o Evangelho de Jesus Cristo e a promessa do seu Reino.

Dizendo ainda aos jovens que Deus conta com eles e com a sua geração, o Papa insistiu perguntando aos jovens se estão prontos a dizer sim a Cristo, e depois perguntou-lhes se não estavam cansados e se queriam continuar a ouvi-lo. A resposta a ambas as perguntas foi positiva e o Papa continuou improvisando em italiano e respondendo às questões que lhe tinham sido dirigidas pelos jovens… Questões centradas sobre “o que o Senhor quer da minha vida”. O Papa disse aos jovens que é preciso escutar a voz de Jesus, é Ele e com o conselho de leigos, sacerdotes, bispos, papas, leigos, encontrar o caminho que o Senhor quer para mim”.

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Na Missa da Assunção de Maria, Papa fala da Virgem da Esperança

 

Dia 15/08/2014

 


Esta segunda jornada do Papa Francisco na Coreia decorre na cidade de Deajeon, uns 140 Km a sul da capital, Seul, e também num santuário que dista dali uns 50 KM. De manhã (noite na Europa), o Papa celebrou a Missa num estádio. Almoçou depois, no Seminário local, com 18 jovens, representando os jovens asiáticos vindos à Coreia, de diferentes países, para o Encontro continental.

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Na homilia da Missa, partindo das leituras da Missa, o Papa sublinhou que esta festa nos “convida a tomar consciência do futuro que, já desde agora, abre diante de nós o Senhor Ressuscitado” e também que “a verdadeira liberdade se encontra no amoroso acolhimento da vontade do Pai”.
E exortou os católicos coreanos a invocarem “a Mãe da Igreja na Coreia”, pedindo-lhe nomeadamente que os ajude a serem fiéis à liberdade recebida no dia do Batismo; guie os esforços para transformar o mundo segundo o plano de Deus; e torne a Igreja neste país capaz de ser fermento do Reino de Deus na sociedade coreana.

Possam os cristãos nesta nação ser uma força generosa de renovação espiritual… combatam o fascínio do materialismo que sufoca os autênticos valores espirituais e culturais e também o espírito de desenfreada competição que gera egoísmo e conflitos; rejeitem modelos económicos desumanos que criam novas formas de pobreza e marginalizam os trabalhadores, bem como a cultura da morte que desvaloriza a imagem de Deus, o Deus da vida, e viola a dignidade de cada homem, mulher e criança.

“Como católicos coreanos, herdeiros duma nobre tradição – advertiu o Papa – sois chamados a valorizar esta herança e a transmiti-la às gerações futuras. Isto implica para cada um a necessidade duma renovada conversão à Palavra de Deus e uma intensa solicitude pelos pobres, os necessitados e os fracos que vivem no meio de nós.

Propondo Maria como “Mãe da nossa esperança”, Papa Francisco assegurou que “esta esperança – a esperança oferecida pelo Evangelho – é o antídoto contra o espírito de desespero que parece crescer como um cancro no meio da sociedade, que exteriormente é rica e todavia muitas vezes experimenta amargura interior e vazio”.

No final da celebração, por volta do meio-dia, antes da recitação das Ave-Marias, oferecendo à Virgem “as nossas alegrias, os nossos sofrimentos e as nossas esperanças”, o Papa evocou as pessoas que perderam a vida no recente naufrágio do navio para transporte local de passageiros e por todos aqueles que sofrem ainda – disse – as consequências deste grande desastre nacional.

O Senhor acolha os defuntos na sua paz, console as pessoas que choram e continue a sustentar aqueles que tão generosamente acorreram em auxílio dos seus irmãos e irmãs. Este trágico acontecimento, que uniu todos os coreanos na dor, os confirme no seu compromisso de trabalhar juntos e solidários para o bem comum.

(Texto completo na Secção “Mensagens e Documentos”)

Primeira intervenção pública do Papa Francisco, dirigindo-se às Autoridades da Coreia

 

Dia 14/08/2014

 

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Dezenas de pessoas participaram, nesta quinta-feira à tarde (manhã na Europa), no Palácio presidencial de Seul, a um encontro do Papa com as autoridades coreanas, depois do encontro de cortesia tido com a presidente Park Geun-hye.

Falando em inglês, o Santo Padre começou por recordar que esta sua visita à Coreia tem lugar por ocasião da VI Jornada Asiática da Juventude, com jovens católicos de todo o Continente e inclui também a proclamação como Beatos de alguns coreanos martirizados pela fé cristã.

Estes dois acontecimentos que celebramos completam-se um ao outro. A cultura coreana possui uma boa compreensão da dignidade e sabedoria próprias dos antigos e honra o seu papel na sociedade. Nós, católicos, honramos os nossos antigos que sofreram o martírio pela fé, porque se prontificaram a dar a vida pela verdade em que acreditaram e de acordo com a qual procuraram viver. Ensinam-nos a viver plenamente para Deus e para o bem do próximo.

“Um povo grande e sábio não se limita a amar as suas tradições ancestrais, mas valoriza também os seus jovens, procurando transmitir-lhes a herança do passado que aplica aos desafios do presente.” – sublinhou também o Papa Francisco. É importante reflectirmos sobre a necessidade de transmitir aos nossos jovens o dom da paz.

Exprimo o meu apreço pelos esforços feitos a favor da reconciliação e da estabilidade na Península Coreana e encorajo tais esforços, que são o único caminho seguro para uma paz duradoura. A busca da paz por parte da Coreia é uma causa que nos está particularmente a peito, pois concorre para a estabilidade de toda a região e do mundo inteiro, cansado da guerra.

“A busca da paz – recordou o Papa – constitui um desafio também para cada um de nós e, particularmente, para quantos de entre vós têm a tarefa de procurar o bem comum da família humana através do paciente trabalho da diplomacia. Trata-se do desafio perene de derrubar os muros da desconfiança e do ódio, promovendo uma cultura de reconciliação e solidariedade. Enquanto arte do possível, a diplomacia baseia-se numa convicção firme e perseverante de que a paz pode ser melhor alcançada pelo diálogo e a escuta atenta e discreta, do que com recriminações recíprocas, críticas inúteis e demonstrações de força.

Quase a concluir, o Papa recordou ainda que “num mundo cada vez mais globalizado, a compreensão do bem comum, do progresso e do desenvolvimento deve ser, em última análise, não só de carácter económico mas também humano”. É “importante que a voz de cada membro da sociedade seja ouvida, promovendo-se um espírito de comunicação aberta, de diálogo e cooperação”.

É igualmente importante que se dedique especial atenção aos pobres, àqueles que são vulneráveis e a quantos não têm voz, não somente indo ao encontro das suas necessidades imediatas mas também promovendo-os no seu crescimento humano e espiritual. Nutro a esperança de que a democracia coreana se há-de fortalecer cada vez mais e que esta nação demonstrará primar também na «globalização da solidariedade» que é hoje particularmente necessária.”

(Texto integral do discurso do Papa na secção “Mensagens e Documentos”)

Por sua vez, na saudação que a presidente Park Guen-hye dirigira antes, em coreano, ao Santo Padre, esta ilustrou as etapas da visita ao país, ilustrando os lugares correspondentes. No final, referiu-se expressamente à guerra entre o Norte e o Sul do país, sublinhando que este conflito constitui uma ferida no interior da nação, dilacerando as próprias famílias.

Precisamente sobre a paz – provavelmente pensando não só na Coreia, mas também em geral no Médio Oriente – é, em jeito de oração, o segundo tweet de hoje do Papa, distribuído a meio do dia. Reza assim: “Maria, Rainha da Paz, ajudai-nos a desenraizar o ódio e a viver em harmonia.”

Após este encontro com as Autoridades, o Santo Padre partiu de automóvel para a sede da Conferência Episcopal, onde teve um encontro com os 35 bispos coreanos. No discurso que lhe dirigiu, em italiano, o Papa Francisco sublinhou especialmente uma das tarefas específicas dos Bispos – a de “guardar o rebanho do Senhor”. Guardiães da memória, mas também da esperança – foram os dois aspectos evidenciados pelo Papa, que recordou “o desafio” de “uma Igreja missionária constantemente em saída para o mundo e em particular para as periferias da sociedade contemporânea”, preservando ao mesmo tempo “a sabedoria e a experiência dos idosos e as aspirações dos jovens”.

 

 

Fonte: Rádio Vaticano



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